O Estado de São Paulo, n. 45335, 01/12/2017. Política, p. A5.

 

Base vê cenário ainda incerto para aliança

Igor Gadelha

01/12/2017

 

 

Planalto quer ‘projeto único de poder’ em 2018, mas partidos aliados falam até em apoio a Lula

 

 

Embora o Planalto defenda uma candidatura única à Presidência em 2018, a maioria das siglas da base aliada vê um cenário ainda incerto e evita se comprometer com nomes colocados como possíveis candidatos. Há dirigentes que falam em candidatura própria e até em apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso ele seja candidato.

No cenário atual, os partidos de centro trabalham entre os cotados com os nomes do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD). O escolhido, porém, dependerá do cenário político e econômico do próximo ano. Em entrevista anteontem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que a ideia é construir uma candidatura única entre os partidos da atual base de sustentação do governo Temer para “representar esse legado”.

Como mostrou o Estado no sábado passado, o presidente Michel Temer articula a construção de uma ampla frente de centro-direita para ajudar na aprovação de pautas econômicas, principalmente da reforma da Previdência, e mantê-la unida até a disputa eleitoral de 2018.

Essa frente teria de fazer a defesa do legado de Temer. “Tudo vai depender de como a economia estará, como o ‘Fora, Temer’ ficará no próximo ano”, disse o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN).

“Pode ser Alckmin, pode ser Meirelles. Mas não está descartada também uma candidatura própria nossa”, afirmou o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL). Ele diz que, atualmente, a sigla tem “pouca chance” de apoiar Lula, embora o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), tenha declarado voto no ex-presidente. “(Lula) Foi o melhor presidente para este País, principalmente para o Piauí e para o Nordeste”, disse Nogueira em entrevista à TV Meio Norte, na semana passada. “Lula é o meu candidato a presidente.”

Interlocutores do ex-deputado Valdemar Costa Neto, que comanda o PR, dizem que ele trabalha para que a legenda feche aliança com Lula. “O PR não descarta apoiar o Lula”, disse o líder do partido na Câmara, José Rocha (BA).

Integrantes da cúpula do PRB dizem que o nome que mais anima o partido hoje é o de Meirelles, mas, ao mesmo tempo, o partido não quer romper pontes com Alckmin.

A indefinição existe, inclusive, no PSD, partido de Meirelles. A prioridade do presidente licenciado da legenda, o ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), é se eleger em uma chapa majoritária em São Paulo ao lado do senador José Serra (PSDB). O tucano é apontado como possível candidato à sucessão de Alckmin.

O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), avalia que Alckmin e Meirelles são dois nomes viáveis para serem o candidato do centro.

O PTB foi o único dos partidos até agora que diz já ter fechado apoio a um nome. “Estamos com Alckmin”, disse o 1.º vicepresidente nacional da legenda, deputado Benito Gama (BA).

 

Interesses

“Não está descartada uma candidatura própria nossa.”

Arthur Lira (PP-AL)

LÍDER DO PARTIDO NA CÂMARA

 

“O PR não descarta apoiar o Lula.”

João Rocha (PR-BA)

LÍDER DO PARTIDO NA CÂMARA

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Passageira hostiliza Romero Jucá em voo

Ana Paula Dahlke

 

01/12/2017

 

 

O presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR), foi hostilizado, anteontem, em um voo comercial que partiu de Brasília em direção a São Paulo. A cena foi gravada e circulou nas redes sociais. No vídeo, o parlamentar reagiu e discutiu com a passageira que o gravou, a assistente social Rúbia Sagaz, de 33 anos, servidora do Instituto Federal Catarinense.

“E aí, senador, conseguiu estancar a sangria?”, questionou a assistente social em referência aos áudios entregues à Polícia Federal pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que Jucá afirma que é preciso “estancar a sangria”, supostamente provocada pela Operação Lava Jato.

Segundo a assistente social, ela esperou a conclusão do serviço de bordo para abordar o senador. Irritado com ela, Jucá chegou a levantar da poltrona e tenta pegar o celular das mãos de Rúbia. “Tinha uma pessoa na terceira fileira de cabeça baixa e os traços faciais eram parecidos com os dele. Tive dúvida, mas logo tive a certeza, então eu só gritei: ‘Com Supremo e com tudo’. As pessoas me olharam assustadas, ninguém entendeu”, afirmou.

Procurada, a assessoria do senador informou que “a agressora já foi identificada” e disse que o senador avalia se tomará alguma medida após o episódio.

 

Insatisfação. Ao Estado, Rúbia disse estar insatisfeita com as políticas do atual governo. Ela ainda afirmou que o senador tentou desmoralizá-la chamando-a de “petista”. “Eu queria dizer como somos fantoches na mão deles, como isso ficou claro na gravação. Depois ele tentou me desmoralizar. Chegou a me rotular de petista. Mas eu não sou petista.”

No site do TSE, no entanto, há registro de que ela é filiada ao partido desde 2002. Procurada novamente pelo Estado, ela afirmou que o cadastro é da época da primeira eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em quem votou naquela eleição. Ela disse que atualmente não tem mais ligação com o partido.