Título: Espanha fecha o cofre
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Fonte: Correio Braziliense, 31/03/2012, Economia, p. 17

Espanha fecha o cofre

País anuncia orçamento com previsão de cortes superiores a 27 bilhões de euros e medidas como congelamento de salário. Projeto é anunciado um dia depois da greve geral

Madri — No dia seguinte à paralisação que levou às ruas milhares de manifestantes, o governo espanhol aprovou ontem o projeto de orçamento para 2012, que prevê um corte de mais de 27 bilhões de euros. A economia virá, principalmente, do congelamento do salário dos funcionários públicos e da redução do orçamento dos ministérios em 16,9% em média. O plano é considerado o mais austero da história de um país que causa grande preocupação a seus sócios europeus.

A missão do governo é clara: reduzir em doze meses o deficit público, de 8,51% a 5,3% do PIB. Para conseguir isso, o governo do conservador Mariano Rajoy deverá economizar, segundo as primeiras estimativas, 35 bilhões de euros, mas a cifra resultará provavelmente mais elevada devido à recessão, que este ano deve fazer o PIB cair 1,7%.

Depois de ter anunciado cortes orçamentários no valor de 8,9 bilhões de euros e uma alta de impostos de 6,3 bilhões de euros, a Espanha terá de buscar entre 30 e 40 bilhões de euros para alcançar o objetivo. Os orçamentos serão muito austeros, advertiu Rajoy. "Os mais austeros da democracia", insistiu o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro.

"A Espanha está numa situação muito difícil", afirmou, por sua parte, o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn. Os países da Zona Euro concordaram ontem em reforçar temporariamente suas defesas anticrise até um limite de 800 bilhões de euros, pensando justamente na Espanha, que deve explicar como fará para alcançar o deficit que Bruxelas lhe pede.

A ideia é unir os fundos já comprometidos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), para os resgates de Grécia, Portugal e Irlanda, e os do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), dotado de 500 bilhões de euros.

Convocada pelos dois maiores sindicatos espanhóis, a greve de quinta-feira teve forte adesão. O alvo dos protestos foi a nova legislação trabalhista. As novas regras tornam mais fáceis a demissão e a contratação de funcionários e é vista pelo governo com uma forma de reduzir a taxa de desemprego no país, que é de 23%, a maior da Zona do Euro. O projeto foi saudado por autoridades da União Europeia, mas os sindicatos afirmam que ela vai resultar numa taxa de desemprego ainda maior.

Dívida sobe na França A França reduziu o deficit público de 7,1% do PIB em 2010 para 5,2% em 2011, um resultado melhor que o esperado (a expectativa era de 5,7%), mas a dívida pública chegou a 85,8%, acima da previsão oficial (84,9%). O presidente Nicolas Sarkozy elogiou os resultados, dizendo que foi alcançado "graças aos esforços dos franceses" e ressaltou que, no segundo mandato, cumprirá s a promessa de reduzir o rombo "a 3% do PIB em 2013 e a 0% em 2016".