Título: Colchão de 500 bilhões de euros
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Fonte: Correio Braziliense, 31/03/2012, Economia, p. 18

Colchão de 500 bilhões de euros

Apesar do esforço da Zona do Euro em aumentar fundo de resgate, saldo pode ser insuficiente para salvar grandes economias

Embora tenham dado ontem um passo importante para criar um colchão de segurança anticrise na Zona do Euro, os integrantes do bloco poderão não colher os resultados desejados. Os ministros de Finanças dos 17 países-membros concordaram em aumentar a proteção financeira para evitar uma nova piora da crise da dívida soberana na Europa, mas ainda não se sabe se os mercados e os parceiros do G-20 (grupo que reúne as 20 principais economias globais) vão considerar o impulso suficiente. Fora o que já foi utilizado para salvar Grécia, Irlanda e Portugal, sobraram 500 bilhões de euros para os demais países em dificuldade, como a Espanha, hoje a fonte de preocupações.

Em uma dura negociação em Copenhague, os ministros de Finanças dos países da Zona do Euro — entre eles, Wolfgang Shäeuble, da Alemanha, e François Baroin, da França — aceitaram dar ao Mecanismo Europeu de Estabilidade Financia (ESM, na sigla em inglês) e ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, em inglês) "uma potência máxima de 800 bilhões de euros", como pretendia a Alemanha. Mas, deste valor, 300 bilhões correspondem aos empréstimos já concedidos à Grécia, Irlanda e Portugal, indicou o comunicado do Eurogrupo.

A Comissão Europeia havia proposto elevar o montante total para 940 bilhões de euros, dos quais 740 bilhões de euros seriam fundos ainda não comprometidos, mas a Alemanha mostrou resistência com o valor mais elevado. A princípio, a reação do mercado foi positiva, com o rendimento dos bônus espanhóis caindo à medida que os investidores avaliavam a decisão dos ministros e esperavam um orçamento mais austero da Espanha. "A decisão de hoje (ontem) é um clássico compromisso europeu", comemorou Carsten Brzeski, economista do Banco ING.

Para a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, a decisão dos ministros de elevar o teto combinado de empréstimo dos dois fundos de resgate da região abrirá espaço para o aumento dos recursos do FMI. "Isso fortalecerá a proteção europeia e dará suporte aos esforços do Fundo para elevar os recursos disponíveis em benefício de todos os membros", disse.

Grécia cortará 12 bi de euros O governo grego que surgirá das eleições legislativas previstas para maio precisará manter a política de saneamento das contas públicas e reduzir os gastos em 12 bilhões de euros em 2013 e 2014, disse ontem o primeiro-ministro, Lucas Papademos, durante uma audiência no parlamento. Ele destacou que estão sendo realizados estudos para definir as despesas que deverão ser cortadas antes de expirar o mandato do atual governo. "O objetivo é reduzir os desperdícios, e não cortar ainda mais os salários", adiantou.