O Estado de São Paulo, n. 45349, 15/12/2017. Política, p.A5

 

 

 

 

 

Meirelles nega, mas já fala como candidato

Em entrevista a rádio, ministro da Fazenda diz que próximo presidente deve manter reformas, aumentar produtividade e profissionalizar estatais

Por: Eduardo Rodrigues

 

Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

 

Apesar de afirmar que só vai tomar uma decisão sobre disputar a Presidência da República em março ou início de abril de 2018, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), adotou ontem um discurso de candidato e já comentou propostas para um futuro governo.

“Em primeiro lugar, é importante manter a agenda de reformas modernizantes na economia. Em segundo lugar, é fundamental manter e aumentar a profissionalização das empresas estatais. Em terceiro lugar, estaria implementar as reformas microeconômicas voltadas para o aumento da produtividade”, afirmou o ministro, em entrevista à Rádio BandNews, após ser questionado sobre os três pontos que considerava que deveriam ser mantidos pelo próximo presidente. “Não acho que deve haver mudança de direção”, disse.

Questionado se acredita que terá o apoio do governo Michel Temer na sua eventual candidatura, Meirelles respondeu que primeiro precisa tomar a decisão de concorrer ou não. “A partir daí vamos ver como se desenvolve, se terei apoio do governo”, disse Meirelles.

Nos últimos dois dias, essa foi a terceira entrevista concedida por Meirelles a uma rádio. Anteontem, ao falar à Rádio Tupi, do Rio, ele disse acreditar que, como presidente da República, teria condições de colocar o Brasil nos trilhos. Ao ser questionado sobre o tema, respondeu: “Acredito que sim. Já na posição de ministro da Fazenda, conseguimos tirar o Brasil da maior recessão da história. O Brasil já voltou a crescer, portanto acredito que teremos condição de ampliar esse trabalho”, afirmou.

 

Reforma. Ontem, o ministro também avaliou que a possibilidade de concorrer à Presidência não prejudica o apoio à reforma da Previdência da parte de partidos que desejam lançar candidatos. Durante a entrevista, Meirelles voltou a enfatizar a necessidade da aprovação da reforma previdenciária, cuja votação na Câmara dos Deputados foi adiada para fevereiro. “Precisamos aprovar a (reforma da) Previdência e continuar a agenda fiscal para cumprirmos o teto de gastos nos próximos anos. As reformas diminuirão o risco fiscal e vão tirar esse componente da taxa de juros”, afirmou.

O ministro disse estar confiante na aprovação da reforma, porque, segundo ele, os números da Previdência são brutais. Ele lembrou que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já consome 55% do Orçamento, volume que pode subir para 80% daqui a dez anos.

 

 

 

 

 

Unajuf quer sustar compra de impressoras

 

Por: Ricardo Galhardo

 

Ricardo Galhardo

 

O presidente da União Nacional dos Juízes Federais (Unajuf), Eduardo Cubas, e os advogados Modesto Carvalhosa – pré-candidato a presidente – e Luiz Flávio Gomes protocolaram uma ação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o diretor-geral do tribunal, Maurício Caldas Melo, que pede o cancelamento da licitação para compra de 30 mil máquinas para imprimir os votos na eleição de 2018.

O número corresponde a 5% das 600 mil urnas eletrônicas que serão usadas no pleito do ano que vem. Os autores da ação querem que a União seja compelida a comprar outro modelo de impressoras que se adapte a todas as 600 mil urnas. Em julho o TSE estimou que o custo das impressoras pode chegar a R$ 2,5 bilhões.

“A posição do Gilmar não é técnica, é política”, disse Cubas. Segundo a ação, Mendes, “dada sua condição de presidente do TSE, produz para a Nação um verdadeiro atentado contra a segurança da democracia nacional ao mentir para todo o conjunto da sociedade sobre o que se tem passado com o processo de impressão de votos”.

Segundo os autores, Gilmar descumpre a Lei 13.165/15, que obriga a impressão dos votos. Eles argumentam ainda que a compra em larga escala (600 mil unidades) do equipamento seria “fator de redução de preços” e que a adoção do voto impresso em apenas 5% das urnas é um “mero arremedo do tipo para inglês ver”.

Em nota, o TSE afirmou que “nunca se recusou a cumprir decisão do Legislativo”. Segundo o texto, o Tribunal de Contas da União já deu parecer favorável ao escalonamento para atingir 100% das urnas em dez anos. Essa decisão, diz o TSE, é embasada nos “princípios do interesse público e da economicidade”.