O Estado de São Paulo, n. 45349, 15/12/2017. Política, p.A7

 

 

 

 

 

 

Luislinda deixa PSDB e continua em ministério

Planalto vê decisão como tentativa de ficar no governo à frente dos Direitos Humanos sem cobranças do partido; Temer deve substituí-la

Por: Carla Araújo

 

Carla Araújo / BRASÍLIA

 

A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, pediu desfiliação do PSDB ontem. Sob pressão para deixar o governo Michel Temer, ela permanece no cargo mesmo após o desembarque dos tucanos. O Palácio do Planalto vê o movimento como uma tentativa de Luislinda de continuar no governo Michel Temer.

Alvo de polêmicas e criticada no Planalto por ter uma atuação “apagada”, Luislinda, no entanto, deve ser substituída. O governo busca na bancada feminina um nome, mas, segundo interlocutores de Temer, diferentemente das pastas de Cidades e Secretaria de Governo, Direitos Humanos não tem atraído a atenção de aliados. A ideia do presidente é manter na pasta uma mulher e, com isso, conquistar votos da bancada.

Luislinda foi pessoalmente à sede do PSDB em Brasília assinar sua desfiliação. Ela estava no partido desde 2013. A assessoria de imprensa da ministra informou que ela não comentaria o motivo da saída do partido nem seus planos políticos.

Com a desfiliação, o gesto de Luislinda é visto como uma forma de evitar cobranças do PSDB enquanto fica no governo. Interlocutores do presidente disseram que, enquanto ele se recupera da cirurgia para tratar de um estreitamento do canal urinário , esse não é um assunto prioritário.

 

Polêmicas. Luislinda sofreu desgaste após a Coluna do Estadão, publicada no dia 2 de novembro, revelar que ela havia pedido para acumular o salário de ministra com o de desembargadora aposentada, o que lhe garantiria um vencimento bruto de R$ 61,4 mil mensais. Por causa do teto constitucional, ela pode receber até R$ 33,7 mil.

No dia 11 deste mês, a Comissão de Ética Pública da Presidência arquivou as investigações contra a ministra, após a devolução aos cofres públicos de pouco mais de R$ 13,4 mil recebidos indevidamente em pagamentos de diárias.

 

Acima do teto R$ 61,4 mil

é o valor que Luislinda pediu para receber, somando salário de ministra e desembargadora.