Correio braziliense, n. 20009, 03/03/2018. Política, p. 4

 

PSB quebra a aliança com tucanos

Paulo de Tarso Lyra

03/03/2018

 

 

O PSB encerra hoje o congresso nacional da legenda reconduzindo Carlos Siqueira para o cargo e ratificando o divórcio com o PSDB, de Geraldo Alckmin. Sem conseguir reverter o abandono dos socialistas na corrida presidencial, Alckmin endureceu o discurso e também convidou ontem os tucanos insatisfeitos a deixarem a legenda. O recado foi direcionado ao vereador Mário Covas Neto, contrário ao nome do prefeito de São Paulo, João Doria, como candidato da legenda ao governo estadual. Covas Neto defendia uma aliança com o atual vice-governador, Márcio França (PSB).

França não vive o melhor dos mundos no partido. Perdeu a confiança da cúpula tucana porque prometera puxar o PSB para uma aliança nacional com o PSDB, algo que não vai acontecer. E também se indispôs com os socialistas, sobretudo do Nordeste, que bateram o pé e ameaçaram vaiar França e Alckmin, caso o governador aparecesse na abertura do congresso do partido, na noite de quinta-feira.

“O PSB não tem problemas quanto a isso, sempre operamos na divergência e nos entendemos bem depois. Tanto que, mesmo quando o Eduardo Campos lançou-se candidato a presidente em 2014, tinha gente dentro do partido que jogava contra”, recorda um integrante da direção nacional, indicando que, no momento certo, as pontes com França serão reatadas. Escanteado da aliança nacional, Alckmin elevou o tom no plano local, em um evento ontem com a presença do prefeito João Doria.

O PSDB nacional livrou-se da necessidade de realizar prévias para a corrida presidencial após a desistência forçada do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. No plano estadual, contudo, setores do partido têm dificuldades de aceitar, sem uma disputa, o nome de Doria como candidato ao Palácio dos Bandeirantes. “Se tiver só um candidato, não há necessidade de prévias, está resolvido e é trabalhar para o processo eleitoral. Se tiver mais de um, marca a prévia, não tem problema nenhum”, declarou Alckmin, ao lado de Doria. Alckmin disse que a escolha de um candidato em um ambiente maior é sempre melhor, apesar de admitir que o candidato pode ser escolhido sem prévias. “Nós temos 35 partidos, então, se alguém se sentir prejudicado, ele vai para outro partido”, provocou.