O globo, n. 30789, 23/11/2017. País, p. 4
Maiá Menezes
23/11/2017
Jorge Picciani já era, na época, homem forte, articulador do grupo político que floresceu e dominou o estado por mais de vinte anos. Paulo Melo, também deputado, foi líder do governo e se revezou com Picciani na presidência da Assembleia Legislativa.
Foi com entusiasmado apoio de Cabral que Garotinho se elegeu governador pela primeira vez, em 1998. Em 2002, com sonhos mais altos, concorreu à Presidência da República. Foi votado por 15,1 milhões de brasileiros, mas perdeu para José Serra e Luiz Inácio Lula da Silva, que foram ao segundo turno. Garotinho, porém, elegeu sua mulher, Rosinha Garotinho, ao governo do Rio e manteve aliança com Cabral, que assumiu uma cadeira no Senado.
Não havia fissuras. Era um grupo político sólido, que só passou a dar sinais de desgaste anos depois. Em 2007, após ser eleito governador, Cabral rompeu com Garotinho, atingido por denúncias muitas, entre elas de ter usado recursos do estado, pilotado por sua mulher, para financiar uma précampanha fracassada à Presidência pelo PMDB.
Os interesses políticos se desencontraram. Seis anos depois, foi de Garotinho a iniciativa de divulgar fotos da já icônica “farra dos guardanapos” em Paris. Símbolo das relações nada republicanas entre estado e empreiteiras, já comprovadas na Operação Calicute, onde há também citações de repasse para campanha do atual governador Luiz Fernando Pezão.
O que a política separou, a Lava-Jato voltou a unir.
Com a prisão do casal Garotinho ontem, não restou um.
Do Guanabara ao Tiradentes, passando pelo TCE, o poder político do Rio nas duas últimas décadas está atrás das grades.
Às vésperas de 2018.