O globo, n. 30789, 23/11/2017. País, p. 12

 

Senado convida diretor da PF a dar esclarecimentos

Adriana Mendes 

23/11/2017

 

 

Comissão quer que Segovia explique relações com investigados

-BRASÍLIA- A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou ontem convite para que o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, preste esclarecimentos sobre sua indicação ao cargo e possíveis interferências na Lava-Jato. O requerimento foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Por se tratar de convite, Segovia não é obrigado a comparecer.

O senador justifica que saber os motivos que levaram o delegado à frente da PF “é essencial” para o sucesso da Lava-Jato, assim como também seria importante explicar as ligações dele com seus possíveis investigados, como o ex-presidente José Sarney, e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

“Policiais federais têm se mostrado preocupados com essa troca, uma vez que existe o receio de que essa mudança possa prejudicar as investigações em andamento da Operação LavaJato, que inclusive inclui o presidente Michel Temer e boa parte da sua base”, diz Randolfe.

Na solenidade de transmissão de cargo, Segovia disse que não irá interferir na Lava-Jato.

— Ele (Temer) continuará sendo investigado, sem nenhum problema. Terá toda celeridade, como os demais inquéritos no Supremo Tribunal Federal — disse Segovia.

O diretor-geral levantou suspeitas sobre a conclusão das investigações da JBS por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR), que resultou nas duas denúncias contra Temer. Segovia disse que, se dependesse da PF, a apuração não teria terminado em prazo tão curto.

— Talvez uma única mala não desse toda a materialidade para apontar se houve ou não crime, e quais são os partícipes. Isso poderia ter sido respondido se a investigação tivesse mais tempo — disse Fernando Segovia.