Título: Intervenções fazem dólar subir
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Fonte: Correio Braziliense, 24/02/2012, Economia, p. 10

Depois de duas intervenções do Banco Central no mercado financeiro, o dólar inverteu a tendência de queda e subiu. Ontem, a divisa norte-americana fechou em alta de 0,23%, cotada a R$ 1,711. A instituição atuou em duas frentes para segurar o derretimento da moeda: comprou dólares no mercado à vista e no futuro, operação que não era realizada desde 31de agosto de 2011. O ingresso expressivo do dinheiro estrangeiro tem derrubado sua cotação e deixado o governo inquieto, sobretudo diante das queixas da indústria, que reclama perda de competitividade. Apenas em fevereiro, até o dia 17, as entradas chegaram a US$ 6,5 bilhões.

No acumulado do ano, esse fluxo acumula quase US$14 bilhões. A maior parte desses dólares tem entrado no país via mercada financeiro, praticamente tudo oriundo de captações de empresas-brasileiras no exterior. Só a Petrobras, em fevereiro, conseguiu US$ 7 bilhões lá fora. Outras operações semelhantes a essas estão programadas. O Bradesco deve ser a próxima instituição a buscar recursos no exterior.

O banco planeja vender US$ 500 milhões em títulos nos próximos meses e, caso essa operação se confirme, representará mais pressão na queda do dólar.

Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank, considera que essa queda se justifica também pela volta do bom humor em alguns mercados e pelas-condições econômicas mais sólidas do Brasil frente a outras economias. Isso explica, segundo ele, o fluxo positivo de recursos para a bolsa. Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, evita fazer conjeturas sobre os motivos de o Brasil atrair tanto capital, mas aponta a busca por ações no Brasil como um dos motivos. "As ações têm demonstrado um comportamento diferente do observado em 2011", observou.

Para especialistas, as atuações do BC no mercado conseguem apenas minimizar o derretimento do dólar. Na visão deles, mesmo que a moeda tenha invertido o movimento de baixa e ficado no positivo, essa elevação é considerada temporária. Algumas instituições já começam a projetar, para o fim de 2012 um dólar próxima a R$ 1,65, valor abaixo do consenso de R$ 1,70 extraoficialmente aceito pelo governo. (VM)