O globo, n.30767 , 01/11/2017. PAÍS, p.5

PF investiga caixa 2 de Steinbruch a Skaf e Palocci

GUSTAVO SCHMITT

 

 

Inquérito foi aberto seis meses após ministro Edson Fachin encaminhar delações da Odebrecht aos estados

Seis meses após o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin determinar a abertura de centenas de inquéritos com base nas delações de executivos da Odebrecht, a Polícia Federal (PF) de São Paulo deu início a uma investigação contra o ex-ministro Antonio Palocci, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (PMDB-SP), e o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch. De acordo com a PF, eles serão investigados por corrupção.

Em sua delação, Marcelo Odebrecht afirmou que repassou, na campanha eleitoral de 2010, por meio de caixa 2, cerca de R$ 14 milhões a Palocci e R$ 2,5 milhões a Skaf a pedido de Steinbruch. Ainda segundo a versão do delator, o presidente da CSN teria assumido compromissos de fazer doações ao PT nas eleições de 2010, mas queria se manter oculto. A delação de Marcelo diz que o caixa 2 pago pela Odebrecht foi “reembolsado” pela empresa em um contrato com a CSN para construção de uma fábrica de aço.

Marcelo admitiu na delação que a Odebrecht foi procurada para fazer doações a políticos no lugar de outras empresas interessadas em não aparecer. Nas planilhas da empreiteira, apreendidas durante a Operação Lava-Jato, a doação a Palocci aparece identificada como “italiano aço”. E o pagamento a Skaf, como “rolamento”.

Candidato ao governo do estado de São Paulo em 2010, Skaf afirmou que nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir caixa 2. “Todas as doações recebidas pela campanha de Skaf estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo”, diz a nota de Skaf. A defesa de Palocci não foi notificada oficialmente sobre o caso e aguarda a comunicação para se manifestar. Procurado, Benjamin Steinbruch não se manifestou.

Fachin encaminhou a delação para a Justiça Federal de Curitiba em abril. Dois meses depois, determinou que o caso fosse para São Paulo por não estar ligado diretamente à propina da Petrobras.