Título: Ânimos acirrados
Autor: Gama, Junia
Fonte: Correio Braziliense, 30/03/2012, Política, p. 2
Ânimos acirrados
As tensões entre a caserna e os grupos de esquerda começaram a se acentuar quando militares da reserva reagiram a declarações que a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, deu ao Correio em fevereiro, de que as informações apuradas pela Comissão da Verdade podem dar origem a processos criminais contra aqueles que tenham cometido crimes durante a ditadura militar. Os clubes militares se manifestaram com críticas a Maria do Rosário e à ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, por haver se pronunciado contrariamente ao regime militar.
A nota dos militares afrontava a presidente Dilma Rousseff por não censurar publicamente as declarações de suas ministras. O Palácio do Planalto interveio e, a pedido do Ministério da Defesa, a nota foi suspensa. No entanto, dias depois, um grupo de oficiais da reserva voltou a se manifestar com críticas duras ao ministro da pasta, Celso Amorim, pela interferência no caso. Ficou acertado que os signatários do segundo manifesto seriam punidos com advertências, mas conversas entre os comandantes das três Forças e generais que coordenaram a "rebelião" amenizaram os ânimos.
Nos últimos dias, manifestações pelo país comandadas por integrantes do Levante Popular da Juventude constrangeram militares acusados de tortura durante a ditadura militar. Os atos ocorreram em frente à casa ou no local de trabalho dos acusados.