O globo, n. 30790, 24/11/2017. País, p. 11

 

Kátia Abreu é expulsa do PMDB por comissão de ética

Maria Lima 

24/11/2017

 

 

Senadora, que foi contra impeachment de Dilma, desafia partido a processar integrantes presos por corrupção

-BRASÍLIA- Suspensa por 60 dias em setembro e ameaçada de afastamento desde o ano passado, quando liderou o movimento anti-impeachment da presidente Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu foi expulsa ontem do PMDB. A decisão foi tomada em reunião do conselho de ética do partido. O colegiado acompanhou, por unanimidade, parecer pela expulsão da senadora. Em nota o presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), anunciou que o partido acatará de imediato a decisão do Conselho de Ética.

“A medida demonstra nova fase de posicionamento do partido”, disse Romero Jucá

Aliado de Kátia e também dissidente da base governista, o senador Roberto Requião (PR) também está na mira do comando do PMDB. Em setembro, ao ser afastada, Kátia acusou Jucá de ameaçar expulsá-la para intimidar deputados que votariam a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. Ela estaria negociando sua ida para o PDT, para disputar o governo de Tocantins em 2018.

A senadora divulgou nota à noite para atacar o comando do PMDB e integrantes da comissão de ética. Aliada e ministra da ex-presidente Dilma, a senadora disse que foi expulsa por não ter feito concessão à ética na política, por defender posições que desagradam ao governo e porque “ousou” dizer não a cargos, privilégios ou regalias do poder. Na nota, se refere a comissão de ética sempre entre aspas. E desafiou a mesma “comissão de ética’” a abrir processo contra membros do partido presos “por corrupção e crimes contra o país”.

“Fiquei no PMDB e não saí como queriam. Fiquei e lutei pela independência de ideias e por acreditar que um partido deve ser um espaço plural de debates. A democracia não aceita a opressão. Hoje os membros da comissão de “ética” imprimiram na história do partido que lutou contra a ditadura a mácula do sectarismo e da falta de liberdade. Sigo na luta política. Sigo com Ética. Sigo sem medo e firme nos meus propósitos, pois respeito minha família, respeito o povo do Tocantins e do Brasil, que ainda acreditam que esse país pode ser melhor”, disse Kátia na nota.

Integram a ala dissidente do PMDB, além de Kátia Abreu e Requião, o ex-líder do partido no Senado Renan Calheiros (AL).