O globo, n. 30780, 14/11/2017. País, p. 4

 

‘Não tem como estancar’, afirma diretor nomeado por Segóvia

Bruno Dalvi 
14/11/2017
 
 
Novo chefe das operações da PF, Ricas diz que Lava-Jato é ‘instituição’

-VITÓRIA- O novo diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal (PF), Eugênio Ricas, que comandará todas as operações da corporação no Brasil, prometeu intensificar a Operação Lava-Jato e afirmou que não há a menor possibilidade de reduzir o combate ao crime.

Após reunião ontem com o diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, e o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), Ricas, que ocupava o cargo de secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo, afirmou que ampliará o combate ao tráfico de drogas e ao tráfico de armas:

— A Lava-Jato é uma instituição dentro da Polícia Federal. Não tem como estancar uma instituição. A nossa missão é intensificar ainda mais os trabalhos que são feitos lá. A sociedade brasileira pode ficar tranquila com relação a isso. A nossa missão é dar mais condições, mais suporte, pra que todos os trabalhos da Polícia Federal sejam feitos. Então, a partir do momento em que os fatos criminosos aparecem em outros lugares, é necessário criar outros núcleos.

Ricas recebeu o convite para assumir o cargo logo após Segóvia ser nomeado pelo presidente Michel Temer.

— A prevenção é um dos caminhos para se combater a corrupção. Por isso, fomentamos a transparência e melhoramos o controle interno aqui no estado. Agora, chega o momento de trabalhar em outra área. É uma missão que será a mais desafiadora da minha vida. Todos sabemos o momento que o país vive — afirmou Ricas, acrescentando: — O desafio é fazer com que a Polícia Federal continue atuando de forma responsável, ampliando as ações de combate à corrupção, ao tráfico de drogas e ao tráfico de armas. A questão da Segurança Pública, junto à corrupção, tem afligido a família brasileira.

Na cúpula da PF, Ricas vai substituir o atual diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Maurício Leite Valeixo. Segóvia e Ricas tiveram uma experiência profissional entre 2009 e 2011, quando Segóvia era superintendente da PF no Maranhão, e Ricas foi seu braço-direito.

Segóvia esteve ontem no Palácio Anchieta, em Vitória, onde almoçou com Hartung e Ricas. Para o novo chefe da PF, o cargo representa um “pilar”.

— Sei da grandiosidade do trabalho que terá de ser feito. Ele (Eugênio Ricas ) vai conduzir todas as investigações de grande prioridade nesse país. Ele será um pilar fundamental na nova administração. A PF como um todo foi unânime, de norte a sul do país, em aclamar o nome dele. Isso será muito bom para o país — disse Segóvia, na sede do governo capixaba.

No Espírito Santo, Ricas adotou duras medidas no combate a irregularidades em contratos públicos e desvio de verbas e abriu 37 processos administrativos contra empresas.

— O meu sentimento é o mesmo que tive quando o ministro da Fazenda precisou da nossa secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi (que assumiu o Tesouro Nacional). É o mesmo sentimento quando o ministro dos Transportes precisou de Ralph Luigi, que estava à frente do Departamento de Estradas e Rodagens (DER). Nós, brasileiros, precisamos ajudar o país. Se a gente não resolver o Brasil, nós não temos como resolver os estados federados de maneira satisfatória — comentou o governador Paulo Hartung.

Mineiro de Belo Horizonte, Ricas ingressou na Polícia Federal em 2003, depois de passar um ano como delegado da Polícia Civil do Mato Grosso.

 

SECRETARIA DE JUSTIÇA

Em 2013, depois de atuar nas delegacias sobre crimes fazendários e financeiros, Ricas foi chamado para comandar a Secretaria de Justiça do Espírito Santo. O delegado permaneceu no cargo até abril do ano passado, quando assumiu novo cargo no governo estadual. (Colaborou Jailton de Carvalho. *Especial para O GLOBO).