O globo, n. 30780, 14/11/2017. País, p. 4
Fernanda Krakovics
14/11/2017
O presidente Michel Temer afirmou ontem que a capacidade de conversar com parlamentares e a sociedade foi o principal recurso usado pelo governo na superação dos piores momentos da crise econômica. Temer, que participou, no Rio, do lançamento de um pacote de ações sociais, aposta na economia para recuperar a popularidade — apenas 3% dos brasileiros apoiam a gestão, de acordo com a pesquisa mais recente do Ibope.
— O termo que dirige o meu governo é a palavra “diálogo”. Diálogo com o Congresso, com a sociedade, (foi o) que nos permitiu, em primeiro lugar, superar uma recessão extraordinária e chegarmos hoje com abertura de empregos, com inflação baixa, com juros menores — disse.
Depois de a Câmara dos Deputados arquivar dois pedidos de investigação contra Temer, apresentados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente tenta alavancar uma agenda positiva para o governo.
— Inflação baixa e juros mais baixos significam salários valorizados, que os preços não aumentam. Vou ao supermercado e posso comprar produtos que, talvez, se inflação houvesse, eu não poderia — disse Temer.
“TENSÃO” PÓS-JOESLEY
O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) disse, em uma sessão secreta da CPI da JBS, que Temer quase renunciou após a revelação do diálogo gravado entre ele e o dono da empresa, Joesley Batista.
A afirmação foi publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Ao GLOBO, Marun confirmou o teor do depoimento e contou que, no dia em que a conversa foi revelada, o clima no Palácio do Planalto era de “muita tensão”:
— Eu nunca vi carta nenhuma (de renúncia) e, se tivesse visto, teria rasgado. Mas, de fato, alguns assessores ficaram muito abalados, (a gravação) criou um ambiente muito difícil. Alguns agentes políticos externos passaram a defender a renúncia.
Marun disse ainda que vai pedir a apuração do vazamento de seu depoimento à CPI. “Ele (Rodrigo Janot, então procuradorgeral da República) quase derrubou o presidente naquele dia 17. O complô era para o dia 18 o presidente renunciar. Quase conseguiu fazer o presidente renunciar. E quem está falando é quem estava dentro do gabinete”, disse Marun na sessão. (Colaborou Catarina Alencastro)