Título: Governo reage à queda do dólar
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 25/02/2012, Economia, p. 0

Com opções limitadas para lutar na guerra cambial, a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff voltou a apelar para o discurso e para as demonstrações de força. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à agência Dow Jones, garantiu não estar de mãos atadas e disse que tem arsenal preparado para a batalha, sem, no entanto, detalhar quais medidas pode adotar. O Banco Central, por sua vez, voltou a fazer intervenções no mercado para exibir a musculatura das reservas internacionais, hoje superiores a US$ 350 bilhões, porém, tem conseguido apenas minimizar o derretimento do dólar em relação ao real. Ontem, mesmo depois de duas operações feitas pela autoridade monetária no mercado à vista, a divisa norte-americana fechou em baixa de 0,27%, cotada a R$ 1,706 na venda.

Desde 2010, além das tradicionais intervenções do Banco Central, o governo criou pedágios para a entrada de recursos no país com o objetivo de diminuir o ingresso de capital e a queda do dólar ante o real. Entre as medidas que adotou está o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para estrangeiros que desejassem investir na bolsa ou aplicar em renda fixa.

Tributou ainda as apostas contra a moeda norte-americana no mercado futuro e limitou essas mesmas operações para os bancos. Com um mundo em crise e os emergentes aparentemente mais fortes, nada adiantou e os dólares continuaram vindo para o país. "Os problemas de exercer pressões diretas sobre a taxa são maiores que os benefícios. Soluções como aumentar IOF criam somente um pedágio que, dependendo do prêmio final, vale a pena pagar e não afeta o câmbio", argumentou André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimento.

Desde o ano passado as economias em crescimento têm recebido uma enxurrada de dólares. No caso brasileiro, na avaliação de Perfeito, o país acumula condições que tornam o Brasil quase irresistível para esses investidores de fora: paga um dos juros mais elevados do globo, está entre os menores riscos, quando comparado aos seus semelhantes, e tem perspectiva de crescimento positiva.