Título: Brasil quer reforço no FMI
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Fonte: Correio Braziliense, 25/02/2012, Economia, p. 16
No G-20, equipe de Dilma defende que recursos de emergentes deem musculatura ao Fundo para ajudar europeus
O Brasil pressiona os demais países integrantes do G-20 para que, na reunião deste fim de semana na Cidade do México, haja um comprometimento formal do bloco com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo brasileiro está preocupado com a situação econômica dos europeus e defende que os emergentes façam aportes ao FMI para salvar os endividados e evitar que a crise se propague.
"Não esperamos um acordo sobre o financiamento do Fundo desta vez, mas queremos ver um texto específico no comunicado sobre os mecanismos que poderiam ser usados para reforçar os recursos do FMI", disse uma autoridade do governo brasileiro, sob condição de anonimato. O comunicado será divulgado ao fim do encontro dos ministros das Finanças e representantes dos bancos centrais que compõem o G-20. "Nós temos pressionado por empréstimos bilaterais", acrescentou a autoridade, à margem do encontro na Cidade do México.
Ontem, a Grécia lançou uma oferta de troca de títulos da dívida a investidores privados, como parte do plano de reestruturação pelo qual o país receberá o financiamento de 130 bilhões de euros da União Europeia e do FMI. Na operação, os investidores trocam seus bônus por papéis com menor valor, numa operação para reduzir em 100 bilhões de euros a dívida estimada em 350 bilhões de euros. Instituições financeiras, seguradoras e outros investidores que detêm cerca de 206 bilhões de euros de bônus do governo grego vão ter de aceitar uma perda de 53,5% do valor de face. O prejuízo efetivo está estimado em 73% a 74%.
Resistência O Fundo está buscando mais do que dobrar os seus recursos, com um levantamento de US$ 600 bilhões para ajudar a enfrentar os efeitos da crise da dívida na Zona do Euro, mas o plano enfrenta resistência de países como os Estados Unidos. Na última quinta-feira, autoridades canadenses afirmaram que o G-20 não está próximo de um acordo sobre o aporte ao FMI e que a Europa precisa aumentar o financiamento para suas próprias barreiras de proteção, antes que seja feito qualquer movimento dos emergentes de ampliação dos recursos do FMI.
O México, que recepciona o encontro do G-20, tem pressionado pela resolução das questões que envolvem mais financiamento ao FMI e medidas adicionais da Europa para resolver a crise da dívida. Mas alguns países disseram que pode não haver negociações sobre mais recursos ao FMI sem uma forte barreira de proteção do continente, que será discutida entre líderes da União Europeia (UE) na próxima semana.
Eles vão se encontrar em 1º e 2 de março e examinar a combinação dos recursos dos dois fundos de resgate do bloco. Juntos, esses fundos somariam cerca de 750 bilhões de euros (US$ 998 bilhões) de financiamentos ainda não comprometidos.
Reino Unido e Alemanha recuam Em consequência do corte de investimentos realizado pelas empresas britânicas, a economia do país encolheu 0,2% no quarto trimestre do ano passado, apesar da elevação dos gastos dos consumidores e do forte crescimento das exportações. De acordo com a Agência para Estatísticas Nacionais, no ano, houve crescimento de 0,7% — uma leve revisão em relação ao aumento de 0,8% informado anteriormente. O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha, por sua vez, contraiu-se em 0,2% no quarto trimestre, com declínio nas exportações e no consumo privado, mas analistas disseram esperar que o motor de crescimento da Europa ganhe fôlego novamente neste ano. As exportações, em particular, caíram 0,8% no quarto trimestre depois de terem crescido 2,6% nos três meses anteriores.