Correio braziliense, n. 20034, 28/03/2018. Política, p. 2

 

Reforço na segurança após ameaças a Fachin

Renato Souza

28/03/2018

 

 

JUSTIÇA » Depois de o relator da Lava-Jato informar que está sendo alvo de coação, a presidente do Supremo permite que agentes atuem na proteção de familiares do ministro. Medida também será aplicada a parentes que moram em Curitiba

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, reforçou o número de agentes que fazem a escolta pessoal do ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato. Ela também permitiu que os seguranças trabalhem na proteção de familiares de Fachin que residem em Curitiba. As medidas foram tomadas após o ministro informar que está sendo alvo de ameaças.

A assessoria de comunicação do Supremo informou que duas delegadas da Polícia Federal foram deslocadas para Curitiba. Ambas são especializadas em segurança de magistrados ameaçados no país. Ao chegarem à capital paranaense, as delegadas fizeram um levantamento do que deve ser alterado na rotina dos familiares do ministro para evitar atentados. Fachin relatou as ameaças em entrevista ao programa Roberto D’Ávila, da Globo News. “Uma das preocupações que tenho não é só com julgamentos, mas também com a segurança de membros de minha família. Tenho tratado desse tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros de minha família”, disse o magistrado durante o programa.

Fachin assumiu a relatoria dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo após a morte do ministro Teori Zavascki, que perdeu a vida em um acidente de avião, em Paraty, no Rio de Janeiro, no começo do ano passado. Ele também é responsável pelo habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será julgado na Corte no próximo dia 4.

Na semana passada, durante a análise de um pedido da defesa para que Lula responda em liberdade ao processo que envolve o tríplex do Guarujá, Fachin votou contra o reconhecimento do pedido. O ministro também foi contrário à concessão de uma liminar para impedir a prisão do petista antes que a Corte se posicionasse sobre o tema.

Assim que recebeu as ameaças, Fachin informou a uma delegada da Polícia Federal que atua no Supremo e para a presidente da Corte. O magistrado está sendo acompanhado por segurança pessoal 24 horas por dia, inclusive nos horários de folga. Cármen Lúcia informou que decidiu encaminhar um ofício a todos os ministros, indagando sobre a necessidade de alterações ou aumento do número de agentes de segurança que acompanham os integrantes do STF. As investigações sobre os autores das mensagens estão a cargo da PF. De acordo com Fachin, algumas medidas ainda não foram tomadas e faz com que familiares ainda estejam correndo risco. As pessoas incluídas no programa de proteção do Supremo foram indicadas pelo próprio magistrado.

Rigidez

Edson Fachin começou a carreira após se graduar em direito na Universidade Federal do Paraná, em 1980. Ele atuou como advogado até 2015, quando foi indicado ao Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff. Ele concluiu o mestrado e doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Viveu no Canadá em 2014 para atingir o grau de pós-doutor.

No Supremo, é considerado linha dura e rígido nas penas que aplica. É um dos maiores defensores a prisão a partir de condenação em segunda instância. A decisão, tomada pelo plenário da corte em 2016, gerou reações de advogados e políticos pelo país.

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Uma nova articulação

Paulo de Tarso Lyra

28/03/2018

 

 

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, reforçou o número de agentes que fazem a escolta pessoal do ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato. Ela também permitiu que os seguranças trabalhem na proteção de familiares de Fachin que residem em Curitiba. As medidas foram tomadas após o ministro informar que está sendo alvo de ameaças.

A assessoria de comunicação do Supremo informou que duas delegadas da Polícia Federal foram deslocadas para Curitiba. Ambas são especializadas em segurança de magistrados ameaçados no país. Ao chegarem à capital paranaense, as delegadas fizeram um levantamento do que deve ser alterado na rotina dos familiares do ministro para evitar atentados. Fachin relatou as ameaças em entrevista ao programa Roberto D’Ávila, da Globo News. “Uma das preocupações que tenho não é só com julgamentos, mas também com a segurança de membros de minha família. Tenho tratado desse tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros de minha família”, disse o magistrado durante o programa.

Fachin assumiu a relatoria dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo após a morte do ministro Teori Zavascki, que perdeu a vida em um acidente de avião, em Paraty, no Rio de Janeiro, no começo do ano passado. Ele também é responsável pelo habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será julgado na Corte no próximo dia 4.

Na semana passada, durante a análise de um pedido da defesa para que Lula responda em liberdade ao processo que envolve o tríplex do Guarujá, Fachin votou contra o reconhecimento do pedido. O ministro também foi contrário à concessão de uma liminar para impedir a prisão do petista antes que a Corte se posicionasse sobre o tema.

Assim que recebeu as ameaças, Fachin informou a uma delegada da Polícia Federal que atua no Supremo e para a presidente da Corte. O magistrado está sendo acompanhado por segurança pessoal 24 horas por dia, inclusive nos horários de folga. Cármen Lúcia informou que decidiu encaminhar um ofício a todos os ministros, indagando sobre a necessidade de alterações ou aumento do número de agentes de segurança que acompanham os integrantes do STF. As investigações sobre os autores das mensagens estão a cargo da PF. De acordo com Fachin, algumas medidas ainda não foram tomadas e faz com que familiares ainda estejam correndo risco. As pessoas incluídas no programa de proteção do Supremo foram indicadas pelo próprio magistrado.

Rigidez

Edson Fachin começou a carreira após se graduar em direito na Universidade Federal do Paraná, em 1980. Ele atuou como advogado até 2015, quando foi indicado ao Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff. Ele concluiu o mestrado e doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Viveu no Canadá em 2014 para atingir o grau de pós-doutor.

No Supremo, é considerado linha dura e rígido nas penas que aplica. É um dos maiores defensores a prisão a partir de condenação em segunda instância. A decisão, tomada pelo plenário da corte em 2016, gerou reações de advogados e políticos pelo país.

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Tiros contra caravana de Lula

28/03/2018

 

 

Dois dos três ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Região Sul foram alvejados com tiros ontem na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no Paraná. Integrantes da caravana do petista e jornalistas relataram os disparos. Ninguém ficou ferido. O ônibus em que estava o ex-presidente Lula não foi atingido.

Um dos veículos levou três tiros. Um dos disparos perfurou a lataria e outros atingiram um dos vidros do ônibus que carregava jornalistas de blogs e sites independentes alinhados ao PT, que fazem a comunicação da caravana, e repórteres estrangeiros. Ao menos um argentino e um alemão estavam a bordo.

Dois pneus do veículo que conduzia os jornalistas foram atingidos por “miguelitos” — objetos pontiagudos usados para bloquear vias. O outro ônibus, que levou só um tiro, estava com convidados da caravana.

O ex-presidente publicou duas fotos no Twitter com os ônibus alvejados. “Se eles acham que fazendo isso vão nos assustar, estão enganados. Vai nos motivar. Não podemos permitir que depois do nazismo esses grupos fascistas possam fazer o quiser”, escreveu Lula nas redes sociais.

Barulho na lataria

Segundo relato da jornalista Eleonora de Lucena, do site Tutaméia, cinco minutos depois de sair de Quedas do Iguaçu rumo a Laranjeiras do Sul, os ocupantes do ônibus ouviram um barulho na lataria, mas pensaram que se tratava de uma pedra. Alguns quilômetros adiante, quando já estavam próximo ao trevo para Laranjeiras do Sul, o motorista de um dos ônibus percebeu uma redução na velocidade e achou que poderia ser um pneu furado. E foi então que eles desceram dos ônibus e viram as marcas de tiro e encontraram os “miguelitos”.

A presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, classificou o episódio como uma emboscada. Ela cobrou um posicionamento das autoridades federais e do estado do Paraná a respeito do episódio. “Vamos deixar a política se transformar nisso? Vai virar bangue-bangue partidário?”, disse a senadora.