O globo, n.30796 , 30/11/2017. PAÍS, p.5

Ministros do STF terão reforço para Lava-Jato

CAROLINA BRÍGIDO

 

 

Cada gabinete receberá mais um juiz e funcionários para acelerar processos
 
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, colocou à disposição dos ministros da Corte mais 36 funcionários e dez juízes para acelerar o andamento dos processos da LavaJato. Com exceção da presidente, que não participa do sistema de distribuição de processos, cada um dos dez integrantes do Supremo deve receber, nos próximos 15 dias, a ajuda de ao menos três funcionários, entre servidores concursados e pessoas de livre nomeação. Cada gabinete também poderá receber mais um magistrado para integrar a equipe.
 

A demanda pelo reforço na força de trabalho dos gabinetes começou no início do ano, com a delação dos executivos da Odebrecht. Boa parte dos inquéritos abertos a partir dos depoimentos não tinha relação direta com os desvios da Petrobras. Por isso, deixaram o gabinete do relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, e foram sorteados para outros relatores.

— Os gabinetes estão todos acumulados de serviço em matéria penal. Sei que não é só no gabinete do ministro Edson Fachin — disse Cármen, na sessão administrativa de ontem.

A maioria dos novos funcionários deve ser remanejada de outros setores do STF — portanto, não significarão despesa extra significativa para os cofres públicos, na avaliação de Cármen. Os juízes serão transferidos de tribunais de todo o país, conforme a escolha de cada ministro. O tribunal paga um adicional ao salário original desses magistrados, além de benefícios, como auxílio-moradia.

Em outubro, Fachin já tinha obtido o reforço de cinco funcionários para dar conta do volume de trabalho. O ministro assumiu os processos da LavaJato em fevereiro, depois da morte de Teori Zavascki em um acidente aéreo. No mês passado, Fachin tinha no gabinete 79 inquéritos e seis ações penais no âmbito da Lava-Jato.

 

MARCO AURÉLIO DISCORDA

Hoje, Fachin é o único ministro que tem a ajuda de três magistrados no gabinete. Agora, terá quatro. Outros ministros têm apenas dois juízes. Passarão a ter três. As exceções são Celso de Mello e Marco Aurélio Mello, que não contam com esse tipo de ajuda, por opção pessoal. Embora eles tenham direito à ajuda dos juízes, devem continuar dispensando essa prerrogativa. Na sessão de ontem, Marco Aurélio foi o único a discordar da convocação de mais um magistrado por gabinete. Para ele, essa providência prejudica a prestação judicial em outras partes do Brasil.

— É cobrir um santo para descobrir outro — disse Marco Aurélio.

O juiz extra ficará nos gabinetes pelo prazo de um ano. Depois desse período, o STF voltará a avaliar a necessidade do auxílio. Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, se for mudada até lá a regra do foro privilegiado, a demanda diminuirá muito.