Título: Inflação preocupa
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2012, Economia, p. 11

Os norte-americanos registraram poucos novos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, mas os gastos do consumidor ficaram estáveis em janeiro pelo terceiro mês consecutivo depois de descontada a inflação, lançando uma nuvem sobre a perspectiva econômica. Embora a melhora no mercado de trabalho — a taxa de desemprego caiu fortemente nos últimos meses — pareça estar impulsionando a renda, a inflação e os impostos comeram os ganhos em janeiro.

"As coisas não estão tão floridas no jardim, e o consumo ainda está enfrentando significativos ventos contrários aqui", afirmou o chefe de estratégia de câmbio do BNP Paribas para a América do Norte em Nova York, Ray Attrill. Os gastos dos consumidores e um grande ganho em estoques ajudaram a impulsionar a economia, que cresceu 3% em uma taxa anual durante os últimos três meses de 2011 — o ritmo mais rápido em mais de um ano.

Mas o relatório de ontem mostrou que algumas medidas de gastos tenham começado a se estabilizar. As despesas subiram 0,2% em janeiro, pouco abaixo das expectativas dos analistas. No entanto, esses dados apontam estabilidade após ajustados pela inflação, como aconteceu em dezembro e novembro. Isso ofusca a perspectiva econômica, porque as compras das famílias, desde televisões até refeições em restaurantes, são os principais motores do crescimento.

O aumento da renda veio pouco abaixo das previsões dos analistas, de ganho de 0,4%. O rendimento líquido, descontados os impostos, caiu 0,1%, quando ajustado pela inflação, que acelerou recentemente devido ao aumento dos aluguéis e dos preços de gasolina.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego tiveram queda de 2 mil solicitações, para 351 mil em números sazonalmente ajustados. Embora o mercado de trabalho esteja ganhando impulso, o nível de emprego ainda está 5,82 milhões aquém de seu nível pré-recessão. Na quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, descreveu o mercado de trabalho como "longe do normal" e disse que uma melhora adicional exigiria crescimento mais forte na demanda final e na produção.