Numa sessão morna, uma das comissões da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) aprovou ontem a indicação do auditor Rodrigo Melo do Nascimento para a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). O escolhido integrava a lista tríplice encaminhada pelos auditores do tribunal ao governador Luiz Fernando Pezão antes da operação Cadeia Velha. Ele chegou a desistir da vaga e só teve a indicação formalizada depois que Pezão se viu obrigado a abandonar o nome do deputado Edson Albertassi (PMDB), seu preferido e preso pela Polícia Federal. Rodrigo, da mesma forma que os outros dois indicados, havia desistido da vaga após encontro com o próprio Albertassi, no mês passado. A manobra política levantou suspeita junto ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal e teve impacto direto para que a Operação Cadeia Velha fosse deflagrada, levando à prisão do presidente da Alerj, Jorge Picciani, e do ex-presidente Paulo Melo, além do próprio Albertassi. Nascimento chegou a ser chamado como testemunha na investigação.
O auditor, que foi aprovado por unanimidade e aguarda a aprovação no plenário, o que deve ocorrer amanhã, disse que não vê com bons olhos um tribunal de contas formado apenas por técnicos e que sabe da importância política para a escolha dos conselheiros da Corte de Contas.A vaga foi aberta depois da saída do ex-conselheiro Jonas Lopes, que se aposentou após se tornar delator em outra investigação que levou à prisão e ao afastamento de todos os conselheiros do TCE.Na única explicação que prestou aos deputados quando foi questionado pelo motivo da desistência coletiva, Nascimento avaliou haver resistências na Alerj para aprovar um nome técnico e, por isso, assinou a carta coletiva de renúncia. Ele argumentou que estava pensando no funcionamento do TCE, que opera hoje com apenas quatro conselheiros substitutos.— Ciente e convencido desse fato, de que nenhum dos nomes dos três auditores seria aprovado, inclusive o meu, e que o Tribunal precisava de uma indicação, porque estamos atuando apenas em quatro (conselheiros) e deveríamos ser sete, preenchi aquele documento para a indicação (política). Eu não vi problemas em assinar (a renúncia coletiva) — disse.Na sessão, o presidente da comissão de Normas Internas e Proposições Externas, deputado Dica (Pode), demonstrou pressa para concluir a sabatina e, depois dos questionamentos de quatro deputados, pediu que os demais formulassem só perguntas em bloco e não repetidas. Também pediu a Nascimento que fosse breve nas respostas. Minutos depois de a comissão referendar o nome do auditor para a vaga do TCE, a Comissão de Orçamento da Alerj rejeitou, por sete votos a zero, as contas do próprio tribunal de contas, referentes ao ano de 2016.