O globo, n.30802 ,06/12/2017. PAÍS, p.5

Conselho de Ética da Alerj adia decisão sobre Picciani

 

 

Pedido de investigação poderá cassar mandatos dos deputados presos

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) analisará na próxima terça-feira o pedido da investigação que pode levar à cassação dos mandatos dos deputados Jorge Picciani, presidente afastado da Casa, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB. Os três foram presos após a Operação Cadeia Velha, da Lava-Jato no Rio. O Conselho de Ética adiou a decisão sobre o tema alegando que o pedido apresentado pela oposição continha um erro formal e precisava de ajustes. Nessa reunião, por unanimidade, os deputados remeteram o pedido com problemas para a Mesa Diretora. A oposição tinha se antecipado e protocolado na semana passada um pedido corrigido. O GLOBO havia antecipado que o pedido de investigação poderia ser protelado. A nova reunião foi marcada depois que a Mesa Diretora da Alerj encaminhou, ontem mesmo, ao Conselho de Ética um novo pedido da oposição para que seja aberto processo contra os peemedebistas.

LAZARONI: DESCONTENTE

Ao final da reunião de ontem, o presidente do Conselho, deputado André Lazaroni (PMDB), disse que assim que direção da Casa encaminhasse o novo pedido convocaria uma nova sessão para deliberar sobre a abertura de investigação. Ele fez questão de dizer que não está atuando em defesa dos correligionários e está apenas cumprindo as formalidades regimentais da Casa. — Em nenhum momento esperem procrastinação e não esperem nada que vá ferir a Constituição. Natural que me coloquem, que a imprensa me coloque, como tropa de choque dos três deputados que estão presos. Mas eu nunca fui tropa de choque de parlamentar nenhum, sou tropa de choque da população — disse durante a sessão.Segundo ele, quem o conhece sabe que ele tem postura independente na bancada e já se posicionou contra medidas do governo estadual, comandando pelo PMDB. Questionado após a sessão se ficava mais incomodado por ser apontado como defensor dos companheiros de legenda ou por fazer integrar um partido que teve três colegas presos, o deputado disse que está descontente com ambas situações. — As duas questões me incomodam. Acho que isso é muito claro. Não há como nós do PMDB estarmos satisfeitos, o que nós esperamos é uma investigação e um julgamento justo — disse aos jornalistas, acrescentando que compreende que a sociedade esteja com “raiva” dos políticos de forma geral. (Jeferson Ribeiro)