Jucá foi abordado por uma passageira, que gravou as imagens do encontro. De forma irônica, ela citou uma gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e divulgada em maio do ano passado. No áudio, o peemedebista sugere que uma “mudança” no governo, então comandado por Dilma Rousseff (PT), resultaria em um pacto para “estancar a sangria” atribuída à Operação Lava-Jato. Na época da divulgação do áudio, Jucá era ministro do Planejamento, mas deixou o cargo depois da revelação da conversa.

— Gente, o Jucá do grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo. E aí, tudo bem? — disse a passageira.

Irritado, o senador levantou da poltrona e tentou pegar o celular das mãos dela. Um outro vídeo, gravado por um homem no assento localizado atrás de Jucá, também registrou a discussão.

— Olha, não me agride. Especialista em acordo nacional... Como é que está funcionando o acordo para a reforma da Previdência, para a reforma trabalhista? — questionou a passageira, que criticou as reformas propostas pelo governo do presidente Michel Temer.

— Vocês quebraram o Brasil, e nós estamos recuperando — rebateu o senador. A passageira prosseguiu: — O senhor conseguiu estancar a LavaJato, foi? Salvou seus amigos canalhas? Vai acabar o seu sossego. Quer viajar? Vai viajar com jatinho particular.

“POLÍTICOS ESTÃO ACUADOS”

A assessoria de Jucá informou que a passageira já foi identificada e que ele avalia se tomará alguma medida judicial.

Na Câmara, uma ativista abordou os deputados petistas Paulo Pimenta (RS) e Wadih Damous (RJ) na saída da CPI da JBS acusando-os de “estarem roubando”. Carla Zambelli, do movimento Nas Ruas, transmitiu a discussão pelo Facebook. Ela perguntou aos parlamentares se poderiam responder a uma pergunta. Diante da negativa, provocou Pimenta pelas críticas feitas por ele ao juiz Sergio Moro:

— Na hora em que o senhor perder o foro privilegiado, vai ter um encontro bem gostoso com o Sergio Moro.

Os deputados rebateram dizendo para a ativista ir “trabalhar”.

— Eu estou trabalhando, diferente de vocês que estão roubando — retrucou ela.

— Lavra o flagrante. Dá voz de prisão e leva — disse Pimenta aos seguranças.

Carla foi levada e prestou depoimento à Polícia Legislativa. Pimenta afirmou que pediu a condução porque ela cometeu crime de calúnia.

— A população está ressabiada com os políticos, que estão expostos a constrangimentos. Eles estão acuados numa batalha de sobrevivência — aponta o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG.