-BRASÍLIA- Futuro presidente do PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deverá assumir o partido com menos atribuições que o antecessor, Aécio Neves (PSDB-MG). Uma das principais mudanças da proposta de novo estatuto do PSDB, que será discutida hoje na reunião da Executiva do partido, será tirar do futuro presidente da legenda o poder para definir a destinação do orçamento dos recursos do fundo partidário, cerca de R$ 90 milhões por ano, e do Fundo Eleitoral, que deve girar em torno de R$ 200 milhões para a eleição de 2018. O novo presidente também não poderá ser reeleito além do mandato de dois anos. A proposta é acabar com a reeleição para o mesmo cargo na Executiva.

Com a mudança, um valor simbólico, algo em torno de R$ 50 mil por mês, ficará a cargo do presidente para despesas de administração do escritório da presidência, mas o planejamento do orçamento anual será atribuição da Executiva Nacional. O esboço do novo estatuto, coordenado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que deve ser aprovado em Congresso Nacional em data a ser definida pela próxima Executiva, também garante a realização de prévias para a escolha do candidato do partido a presidente em 2018. Alckmin, embora tenha manifestado desejo de não ter disputa, pode ser ver obrigado a disputar prévias com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.

A proposta do novo código de ética prevê a contratação de um oficial de compliance, mas o formato ainda divide os tucanos pela falta de informação de como funciona. Pelas regras da criação do fundão eleitoral, caberia ao presidente dos partidos definir a destinação dos recursos para os candidatos. Mas a proposta do PSDB é delegar a elaboração do orçamento anual para os 24 membros da Executiva nacional, que deverá ser presidida por Alckmin.

— Hoje o orçamento anual do PSDB é definido pelo presidente do partido. Agora terá que passar pela Executiva todo o planejamento orçamentário, como dos recursos do Fundo Partidário, que dá cerca de R$ 7 milhões por mês — explicou o deputado Carlos Sampaio.

Coordenador do grupo que preparou a proposta de modernização do estatuto, Sampaio diz que o esboço foi fechado há cerca de 30 dias, quando ainda nem havia o nome de Alckmin para presidir o PSDB. Ele disse que naquele momento só existia a candidatura do senador Tasso Jereissatti (CE) e depois a do governador de Goiás, Marconi Perillo. E que a ideia foi mesmo dar transparência a utilização dos vultosos repasses do fundo partidário.

— Em momento algum pensamos que era melhor tirar atribuições burocráticas de quem quer que fosse. Foi uma iniciativa buscando dar transparência e maior participação da Executiva, já que os valores são altíssimos. — explicou Carlos Sampaio.

Principal representante de Alckmin na Executiva nacional, o deputado Silvio Torres (SP) disse ontem não ser problema a proposta para gerenciamento dos recursos. Antes de aceitar a presidência do PSDB, Alckmin manifestou preocupação com a função de administrar a repartição do fundo eleitoral na campanha de 2018 entre os candidatos do partido. Nas conversas sobre se deveria ou não assumir o comando do partido, ele apontava o gerenciamento financeiro como um dos principais ônus do cargo de presidente. (Colaborou Silvia Amorim)

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Propaganda é prévia da pré-campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018

-SÃO PAULO- Com a crise moral e ética prometendo infernizar a vida de políticos e partidos na próxima eleição, o governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, antecipou-se e usará a propaganda estadual do PSDB a partir de hoje para se apresentar como exemplo de “seriedade” e “trabalho”. As duas expressões são os pilares do novo slogan da campanha publicitária tucana a ser veiculada no estado de São Paulo.

— É o PSDB de São Paulo mostrando que, com trabalho e seriedade, sempre dá certo — diz Alckmin em todas as inserções que irão ao ar no rádio e na TV.

Serão quatro dias de exibição (1º, 4, 6 e 8 de dezembro) de vídeos, com 30 segundos de duração, nos intervalos comerciais. Neles, Alckmin faz uma prestação de contas do governo do qual está à frente desde 2011, destacando hospitais construídos, viaturas policiais entregues e rodovias recuperadas. Ao final, ele deixa a mensagem de otimismo “sempre dá certo” como antídoto ao pessimismo com a política que toma conta da população.

O tucano deixará o governo em abril de 2018, prazo final para que agentes públicos que querem disputar a eleição se afastem dos cargos. Antes disso, no próximo dia 9, ele será eleito presidente nacional do PSDB, após uma dura disputa entre os grupos do senador Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE).

VACINA CONTRA ESCÂNDALOS

Na propaganda anterior do PSDB, veiculada em outubro em São Paulo, Alckmin foi associado à imagem de gestor eficiente. Ao destacar que o estado havia enfrentado a crise econômica sem comprometer suas finanças, o governador encerrava o vídeo com o slogan “São Paulo dando exemplo para o Brasil”.

Agora, o objetivo é criar uma vacina para Alckmin contra a crise política e tantos escândalos de corrupção. O vídeo mostra o tucano como um contraponto.

— A razão de todo nosso trabalho é estar perto de você — diz Alckmin no vídeo, apostando no discurso de que o interesse público tem que estar acima das ambições pessoais.

O governador é alvo de um pedido de abertura de inquérito a partir de delações da Odebrecht. Há suspeita de que ele tenha recebido dinheiro de caixa 2 para campanhas. Ele nega e defende investigações.

A propaganda tucana paulista é uma amostra do que virá na campanha de Alckmin, caso seja ele o candidato tucano à Presidência em 2018. Com o PSDB também envolvido em denúncias de corrupção, ele tem defendido que as pessoas vão definir o voto pelo perfil dos candidatos, não pela conduta dos partidos.

O prefeito João Doria também participará em um dos vídeos da propaganda tucana. No comando da prefeitura há 11 meses, ele fará uma prestação de contas de suas realizações.