Correio braziliense, n. 20035, 29/03/2018. Política, p. 4

 

Maluf vai cumprir a pena em casa

Renato Souza e Bruno Sana Rita

29/03/2018

 

 

Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, acata pedido da defesa e coloca o deputado afastado em prisão domiciliar. O parlamentar foi condenado a 7 anos e 9 meses de cadeia

Depois de ter vários pedidos de prisão domiciliar negados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o deputado afastado Paulo Maluf (PP-SP) recebeu autorização para cumprir a pena em casa. A decisão é do ministro Dias Toffoli e ocorreu após o parlamentar passar mal na prisão e ser levado às pressas para um hospital particular de Brasília. Ele estava preso no Complexo Penitenciário da Papuda.

De acordo com uma testemunha, Maluf teve uma crise nervosa ao saber que seu pedido para obter o benefício da prisão domiciliar não seria analisado pelo STF antes da semana santa. Aos 86 anos, Maluf tem câncer na próstata e toma remédios para problemas cardíacos. O ex-parlamentar passou por uma perícia médica para avaliação do quadro de saúde. A direção da Papuda havia informado à Justiça que a unidade tem estrutura para prestar atendimentos ambulatoriais e de emergência.

No entanto, informações levantadas pelo Correio revelam que após as 16h não tem profissional de saúde para atender os internos do complexo prisional. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro afirmou que o parlamentar será levado para São Paulo após ter alta médica, para cumprir a determinação da Justiça. “Após a autorização médica, o deputado Paulo Maluf será levado para sua residência em São Paulo, onde cumprirá a prisão domiciliar determinada pelo ministro Dias Tofolli. Foi uma decisão de caráter humanitário, visto o grave quadro de saúde do meu cliente”, afirmou.

De acordo com a decisão, Maluf deve ficar recolhido em casa, durante as 24 horas do dia, e não tem autorização para sair nos fins de semana. O deputado afastado foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de cadeia por lavagem de dinheiro. Ele é acusado de ter movimentado dinheiro desviado de obras públicas quando era prefeito de São Paulo.

Em uma denúncia apresentada em 2004, o Ministério Público afirmou que os valores desviados da obra de uma rodovia foram enviados para as Ilhas Jersey, no Canal da Mancha. De acordo com a investigação, ao menos US$ 15 milhões foram encontrados nas contas ligadas ao político entre 1993 e 1996.

O ex-prefeito está preso desde dezembro do ano passado. Neste período, dois jovens morreram na unidade prisional por problemas de saúde. Segundo a assessoria de imprensa da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe), o atendimento médico na penitenciária é disponível de segunda a sexta, das 9h às 16h. O procedimento padrão, no caso de um prisioneiro passar mal, é realizar os primeiros atendimentos, dentro desse horário, pelos médicos disponíveis. Após os primeiros cuidados, se o prisioneiro continuar com problemas, o detento é encaminhado para um hospital público ou particular.