O globo, n. 30803, 07/12/2017. Economia, p. 20

 

Decisão do PMDB provoca virada na Bolsa e no dólar

Rennan Setti e Marina Brandão  

07/12/2017

 

 

Mercado fecha em alta de 0,99%, e moeda americana recua 0,12%

O dólar fechou em queda, e a Bolsa ganhou força no fim da tarde de ontem, depois de o PMDB anunciar apoio oficial à aprovação da reforma da Previdência. A divisa americana, que subia pela manhã, recuou 0,12%, a R$ 3,231. Já o Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro, que caía mais cedo, fechou em alta de 0,99%, aos 73.268 pontos, apesar da queda nos preços do minério de ferro e do petróleo e do fraco desempenho das ações em Wall Street. — O que provocou essa mudança no fim da sessão foi a oficialização do fechamento de questão sobre a Previdência pelo PMDB — afirmou Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença. — O mercado prefere que se consiga os votos antes do que votar. De que adianta conseguir uma data se não há qualquer certeza de que se vai ganhar? Se não tiverem os votos, será melhor nem votar.

EMPRESAS DE CELULOSE: GANHO

A divisa americana passou o dia instável. Depois de abrir em queda, a moeda passou a maior parte do dia em alta, após uma contagem informal mostrar que o governo ainda precisava de cerca de 50 votos para aprovar a reforma da Previdência, explicou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio Treviso Corretora. Para passar na Câmara dos Deputados, são necessários no mínimo 308 votos. Na Bolsa, as empresas de celulose responderam pelo principal impacto positivo no pregão. O movimento refletiu as declarações feitas na véspera pelo diretor-presidente da Fibria, Marcelo Castelli, de que o mercado de celulose deve continuar aquecido pelos próximos anos, sustentado pela forte demanda da China. Os melhores desempenhos foram dos papeis ordinários (ON, com direito a voto) da Fibria Celulose, com valorização de 6,47%, a R$ 47,71, e da Suzano Papel e Celulose, que avançaram 6%, a R$ 18,84. Entre os bancos, o Itaú Unibanco subiu 1,37%, a R$ 42,16. O Bradesco teve valorização de 1,25%, a R$ 33,18, e o Banco do Brasil, de 2,67%, a R$ 31,90. A Vale, por sua vez, registrou queda de 0,72%, com o preço do minério de ferro tendo recuado 2,62% em Dalian, na China. Na Petrobras, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) subiram 1,37%, a R$ 15,52. Já os papéis ON avançaram 0,50%, a R$ 16. Em Londres, o barril do petróleo tipo Brent caiu 2,55%, a US$ 61,26. O barril do WTI, negociado em Nova York, recuou 2,86%, a US$ 55,97. A queda nos preços do petróleo deveu-se à alta nos estoques americanos e pressionou as Bolsas do país. Em Nova York, o índice Dow Jones perdeu 0,16%, enquanto o S&P 500, mais amplo, ficou quase estável, com queda de 0,01%.

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Servidor estadual tem um custo de R$ 1.725 para cada brasileiro

Bárbara Nascimento

07/12/2017

 

 

No Rio, a conta para os cidadãos atinge R$ 2.023. Estudo alerta para gastos

-BRASÍLIA- O gasto com pessoal continua sendo um dos maiores pesos no Orçamento dos estados. O Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais, divulgado ontem pelo Tesouro Nacional, mostra que os 27 entes da federação gastaram, no ano passado, R$ 340,8 bilhões com o pagamento de servidores (ativos e inativos). Se esse valor fosse dividido por toda a população, cada pessoa teria que arcar com uma parcela de R$ 1.725,61 para sustentar essa conta. No caso do Rio de Janeiro, onde a despesa com pessoal alcançou R$ 33,6 bilhões no ano passado, cada cidadão fluminense arcaria com R$ 2.023,87. A conta mais alta, no entanto, é a do Distrito Federal, onde um servidor custaria, per capita, R$ 3.467,82. Grande parte dessa conta diz respeito à Previdência. Os gastos com inativos e pensionistas subiram 7% de 2015 para 2016, tendo chegado a R$ 81,9 bilhões. No Rio de Janeiro, esse salto foi dobrado: 14%. O número do Tesouro é diferente do apresentado pelos próprios estados. Isso porque os Tribunais de Contas permitem que algumas rubricas fiquem de fora do cálculo. Assim, pela conta dos estados, o gasto com Previdência em 2016 teria sido menor, de R$ 55,8 bilhões, uma diferença superior a R$ 26 bilhões.

CRESCIMENTO INSUSTENTÁVEL

O estudo destaca a importância de se reverter a trajetória de crescimento dos gastos com Previdência. Pela proposta de reforma que tramita hoje no Congresso, os estados terão seis meses após a entrada em vigor do texto para modificar suas regras previdenciárias. Caso contrário, valerá a mesma regra definida para a União. “Tem-se uma variação positiva dos aportes para a maioria dos estados. Tal crescimento é indício do problema da insustentabilidade dos regimes de previdência estaduais, tendo em vista o consumo cada vez maior de recursos financeiros, que poderiam estar sendo direcionados para atender e ampliar os serviços básicos exigidos pela sociedade”, afirma o estudo. Em média, os gastos totais com pessoal representam mais da metade, ou 56,78%, das despesas primárias totais dos estados. Em alguns entes, essa proporção é ainda maior: em Minas Gerais, que ocupa o topo desse ranking, o comprometimento ultrapassa os 70%. Mesmo assim, os estados têm feito esforços para diminuir essa conta. Entre as medidas adotadas estão o aumento da alíquota previdenciária, o controle dos aumentos salariais e a vedação de novos concursos públicos. Assim, a despesa com servidores ativos e inativos, que desde 2010 vem crescendo em um ritmo de dois dígitos, subiu menos no ano passado, na comparação com 2015: 3,99%. Para se ter uma ideia, entre 2014 e 2015, a alta foi de 13,24%. Na média dos últimos seis anos, o crescimento real das despesas com pessoal dos estados foi de 22,85%.