Título: Chuva de bombas em Gaza e Israel
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Fonte: Correio Braziliense, 11/03/2012, Mundo, p. 20

Mais de 100 foguetes disparados da Faixa de Gaza atingiram o sul de Israel entre sexta-feira e ontem, em meio a uma escalada de violência que deixou pelo menos 15 mortos no território palestino, castigado por bombardeios aéreos israelenses. O estopim das hostilidades foi a morte do líder da organização radical dos Comitês de Resistência Popular (CRP), Zuheir Al-Qaissi, e de outro dirigente dos CRP, Mahmud Hanani, que foram alvo de um ataque israelense na Cidade de Gaza. Outras 10 vítimas seriam militantes do grupo Jihad Islâmica. Quatro civis ficaram feridos na região de Eshkol, no sul de Israel, entre eles três trabalhadores agrícolas tailandeses.

Milhares de palestinos saíram na manhã do sábado às ruas de Gaza para os funerais dos militantes e juraram vingar os "mártires". A maior concentração ocorreu em Rafah, no sul do território, considerado reduto dos CRP. A leste da Cidade de Gaza, houve tiroteio entre manifestantes e guardas de fronteira israelenses. O movimento islâmico Hamas, que governa o território, mantém uma trégua com Israel, nem sempre observada por outros movimentos armados. Em um comunicado, o porta-voz Sami Abu Zuhri denunciou ontem uma "perigosa escalada sem a menor justificativa" e reafirmou, em nome do Hamas, "o direito de nosso povo à resistência e a se defender frente a essa agressão".

As escaramuças marcaram o período de 24 horas mais violento na área desde a virada de 2008 para 2009, quando Israel lançou uma ofensiva militar contra Gaza sob o nome de Operação Chumbo Grosso. Dois dos palestinos mortos foram vítimas de bombardeios punitivos realizados ontem, após uma noite em que o sistema antimísseis Iron Dome ("cúpula de ferro") tiraram de combate 27 foguetes do tipo Grad. Desde a tarde de sexta-feira, extremistas de Gaza dispararam contra território israelense "todo tipo de projéteis", segundo porta-vozes militares israelenses. A maior parte, no entanto, atingiu regiões despovoadas do deserto do Neguev.

As partidas de futebol marcadas para ontem na região foram canceladas e a população das cidades visadas pelos foguetes — Beersheva, Ashdod e Ashkelon — foi aconselhada a ficar próxima a abrigos antiaéreos. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, reuniu-se com autoridades do sul do país e afirmou que suas forças continuarão a golpear "todo aquele que planeje atacar seus cidadãos". "Vamos reforçar nossa defesa, inclusive com a aquisição de mais baterias de Iron Dome", completou. O Exército israelense acusou os CRP de prepararem uma ação terrorista "para os próximos dias". "A equipe (atingida pelos bombardeios) fazia parte da infraestrutura utilizada para atacar pela Península do Sinai e pela fronteira entre Israel e o Egito."