Título: Nem Annan contém a repressão na Síria
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Fonte: Correio Braziliense, 11/03/2012, Mundo, p. 21
No mesmo dia em que o presidente Bashar Al-Assad recebeu em Damasco o enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, tropas sírias invadiram ontem à noite a cidade de Idlib. Considerada um dos redutos da oposição ao regime, Idlib foi bombardeada durante todo o sábado, segundo alegou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com saldo de ao menos 14 civis mortos. "Os veículos transportando tropas entraram na cidade, enquanto prosseguiam os bombardeios e os combates (entre o Exército e rebeldes)", afirmou o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman.
No encontro com o ex-secretário-geral da ONU, Al-Assad indicou claramente a disposição de sufocar a rebelião sem fazer concessões. O presidente sírio disse que apoiaria "qualquer esforço sincero" para resolver a crise, mas descartou a possibilidade de iniciar uma transição política ou mesmo um processo de reformas enquanto suas forças enfrentarem resistência armada. "Nenhum diálogo ou processo político poderá ter êxito se existirem grupos terroristas atuando para semear o caos e a desestabilização, atacando civis e militares."
Kofi Annan manifestou "grave preocupação" e disse que levou a Al-Assad "várias propostas para pôr fim à violência e permitir o acesso das agências humanitárias aos feridos". A visita é parte da campanha de pressão internacional para que o regime sírio aceite um plano de paz proposto pela Liga Árabe, que prevê a retirada das tropas e do armamento pesado das cidades e a abertura de diálogo entre governo e oposição.