Correio braziliense, n. 20062, 25/04/2018. Opinião, p. 13

 

Fórum das Águas: uma lição para o Distrito Federal

Agnelo Queiroz

25/04/2018

 

 

O balanço positivo para o DF com a realização do 8º Fórum Mundial das Águas revelou a vocação natural da cidade em sediar grandes eventos. Atrair e recepcionar grandes acontecimentos desportivos, tecnológicos, ambientais, diplomáticos, profissionais e outros deve ser uma política permanente da nossa capital. Os eventos captados para o Distrito Federal reforçam as atividades econômicas ligadas ao setor do turismo. Segundo dados do setor, o gasto médio diário do turista nacional e internacional é entre R$ 1,4 mil a R$ 2,7 mil.  Por meio dessa política, é possível organizar toda uma cadeia de atividades produtivas, gerando negócios, empregos, oportunidades e mais tributos para as nossas finanças públicas.

Brasília nos últimos anos conviveu com experiências exitosas nessa área. Foram muitos os avanços e as conquistas. Recepcionamos a Copa das Confederações (2013); sete edições de jogos da Copa do Mundo (2014); Olimpíadas (2016); Competições Escolares e da Juventude (Gymnasíade-2013). A cidade atraiu edições de eventos na área de tecnologia, como WCIT, o mais importante encontro de tecnologia do mundo, e outros. Todas essas ações demonstraram o potencial da nossa capital. Temos uma rede hoteleira consolidada; opções de lazer, de cultura e de entretenimento; centros de convenções ligados ao setor público ou à iniciativa privada; arenas e outros complexos como  o Mané Garrinha.

Iniciativas relevantes que foram abortadas por insensatez ou incompetência, no período recente, caso retomadas, poderão produzir o mesmo sucesso e acertos do Fórum Mundial das Águas. Digo claramente a defesa que realizei para a cidade ser palco das provas da Fórmula Indy; do campeonato internacional de motovelocidade; abrigar a Universíades/2019 e outras iniciativas que asseguravam uma carteira de bons projetos para o DF.

Recuperar equipamentos, como o autódromo Nelson Piquet e o Kartódromo Ayrton Sena, no Guará, é fundamental para avançar nesse vetor de desenvolvimento econômico do DF. Precisamos ampliar nosso potencial de geração de negócios para aquecer a economia da cidade. O aeroporto de Brasília é o segundo mais movimentado do país. Um importante hub das operações da aviação nacional e internacional. A política de incentivo tributário sobre a alíquota do ICMS do querosene da aviação, adotada ao longo do meu governo, e os investimentos decorrentes da concessão à iniciativa privada da gestão do aeroporto Juscelino Kubistchek proporcionaram melhorias significativas aos usuários desses serviços e à nossa economia. A obra do complexo viário do viaduto do Aeroporto também fez parte dessa política de desenvolvimento local.

Os resultados produzidos pela realização do Fórum Mundial das Águas no DF não deixam dúvidas sobre o potencial econômico: 105 mil participantes. As discussões relativas à segurança hídrica, gestão da água, mudanças climáticas e acesso democrático aos recursos movimentaram e monopolizaram as atenções de milhares de pessoas. Além do público recorde, o Fórum trouxe para a cidade 12 chefes de Estado, 134 parlamentares e 70 ministros de 56 países. A iniciativa, plantada por mim na defesa da candidatura de Brasília, foi tomada na 51ª Reunião do Quadro de Governadores do Conselho Mundial da Água.

Brasília venceu a disputa contra Copenhague, na eleição relizada em Gyeongju, na Coreia do Sul. A candidatura de Brasília recebeu apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Esse trabalho plantado no passado gerou em 2018 mais de 2,5 mil empregos diretos e 5,5 mil indiretos.

Nos últimos anos, houve uma tentativa artificial de criminalizar gestores públicos que adotaram uma visão de desenvolvimento local atrelada ao potencial de apresentar Brasília como destino. Sem compromisso com a economia da região, essas tentativas prejudicaram de forma danosa a capacidade de atração de eventos para a cidade. Que o exemplo e o sucesso do Fórum Mundial das Águas sirvam como um claro recado da nossa cidade para os seus incautos de toda ordem. Temos uma vocação e um potencial que precisa ser contruído de forma permanente, por meio de política pública profissionalizada, que saiba que atrair e recepcionar grandes e bons eventos é mais do que despesas. Na verdade, essas ações se revelam como bons investimentos na imagem e na economia da nossa cidade.

 

» AGNELO QUEIROZ

Ex-governador do Distrito Federal