O globo, n. 30799, 03/12/2017. País, p. 8

 

Datafolha: Lula lidera com Bolsonaro em 2°

03/12/2017

 

 

Em todos os cenários, petista aparece em primeiro lugar, enquanto deputado se distancia de Marina Silva

Pesquisa Datafolha divulgada ontem aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanece na liderança da disputa presidencial de 2018. O levantamento também indica que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se consolidou no segundo lugar, superando Marina Silva, pré-candidata pela Rede, que até então aparecia tecnicamente empatada com o parlamentar. Os cenários do levantamento foram alterados e, por isso, só é possível fazer comparações com pesquisas anteriores nas simulações de intenções de voto espontâneo no primeiro turno e estimuladas sobre prováveis segundos turnos. No primeiro caso, Lula surge com 17% das citações e Bolsonaro, com 11%. Todos os outros pontuam de 1% para baixo. O “ninguém” tem 19% e não sabem afirmar em que candidato votariam, 46%. Em todos os cenários estimulados, Lula aparece em primeiro lugar, com intenções de voto que variam entre 34% e 37%, dependendo dos possíveis candidatos citados. Bolsonaro chega a até 19%. No que apresenta o maior número de nomes, Lula aparece com 34% dos votos, seguido por Bolsonaro, com 17%. Marina aparece com 9%, tecnicamente empatada com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e com Ciro Gomes (PDT), ambos com 6%. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa soma 5%. As intenções de voto em branco e nulo chegam a 12%. A pesquisa foi divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo”. O instituto fez 2.765 entrevistas entre 29 e 30 de novembro, em 192 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. Na simulação em que Alckmin é substituído pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), o tucano soma 5% das intenções de voto. Os demais candidatos têm desempenho semelhante.

Lula ganha em todos os cenários de segundo turno, como já ocorreu no levantamento anterior, e ampliou em quatro pontos sua vantagem, em comparação com setembro, em relação à disputa com Bolsonaro (51% a 33%), Alckmin (52% a 30%) e Marina (48% a 35%). Nos demais cenários de segundo turno pesquisados, Alckmin e Ciro Gomes empatam tecnicamente, com 35% e 33% dos votos respectivamente, e Marina vence Bolsonaro, com 46% contra 32% dos votos. A candidatura de Lula, no entanto, pode ser barrada, com a previsão de julgamento em segunda instância da sua condenação pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex no Guarujá. No principal cenário em que o expresidente não está na disputa, Bolsonaro lidera com 21%, seguido de Marina (16%) e Ciro Gomes (12%). Alckmin aparece com 9%, empatado com o senador Álvaro Dias (Podemos-PR). O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), um dos cotados para substituir Lula na disputa, soma 3% e empata tecnicamente com Manuela D’Ávila, já anunciada como pré-candidata do PCdoB. Sem Lula, os votos brancos e nulos ficam entre 25% e 30%. Segundo a “Folha de S. Paulo”, não houve mudança quanto ao perfil do eleitorado dos dois principais candidatos. Lula tem a preferência entre mais pobres, menos escolarizados e moradores da região Nordeste. Jair Bolsonaro, por sua vez, tem maior adesão entre eleitores homens, jovens e com renda maior.

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Alckmin já articula por apoio do PMDB

Silvia Amorin e Gustavo Schimitt  

03/12/2017

 

 

Com governador, Temer diz que desembarque do PSDB será ‘elegante’

A indicação de Geraldo Alckmin para a presidência do PSDB impôs novo ritmo à aproximação do tucano com os peemedebistas, grupo com o qual ele não pretendia avançar tão cedo nas negociações que miram as eleições de 2018. De imediato, o governador de São Paulo terá duas missões que servem como teste de fogo para uma aliança, que pode dar ao partido um acréscimo significativo no tempo de TV durante a campanha: a garantia de votos do PSDB na reforma da Previdência e a condução do desembarque dos tucanos que ocupam cargos no governo. Nesse novo cenário, a entrega de 900 imóveis do Minha Casa, Minha Vida ontem, em Limeira (SP), reuniu Temer e Alckmin. O presidente tentou suavizar o desembarque tucano. — Será uma coisa cortês e elegante, como é do meu estilo e do governador. O PSDB deu uma grande colaboração ao governo por um ano e meio — disse Temer. Alckmin fez um aceno positivo. — Presidente, conte conosco. A boa política é buscar entendimento para os problemas do Brasil — disse o governador de São Paulo, que preferiu não comentar sobre entrega de cargos do governo.Devem sair os ministros Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, e Antonio Imbassahy, da secretaria de Governo. Apenas Aloysio Nunes, das Relações Exteriores, pode permanecer.

REALINHAMENTO COM O PMDB

Antes mesmo de ser aclamado para comandar o PSDB, dividido entre os grupos dos senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE), Alckmin fazia movimentos pontuais e procurava lideranças regionais do PMDB, inclusive adversários do grupo político de Temer. Nos últimos 30 dias, Alckmin esteve em Pernambuco e Santa Catarina. O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que votou contra Temer na análise da Câmara da denúncia da ProcuradoriaGeral da República, e o vice-governador de Santa Catarina (PGR), Eduardo Moreira, declararam publicamente voto no tucano independentemente do que vier a decidir o PMDB em nível nacional. Essas articulações indicam o clima de incerteza na relação do governador paulista com a cúpula peemedebista. Apesar da desconfiança, Alckmin procurou, há cerca de 45 dias, o presidente da sigla, Romero Jucá, para uma conversa em São Paulo. Era um início de aproximação com o grupo de Temer. — Agora, com ele assumindo a presidência do PSDB, as conversas terão que avançar — diz um dos interlocutores escalados pelo tucano para mediar a relação. Alckmin ficou sabendo pela imprensa que Temer programava uma conversa além do protocolar para ontem. O presidente demonstra interesse em discutir com o novo líder do PSDB os termos do desembarque do partido do governo. Realinhar o relacionamento com Temer é obrigatório para Alckmin, se quiser manter em seu horizonte uma aliança oficial com o PMDB. Essa coligação é estratégica para que não passe de ameaças o lançamento de um outro candidato, da base do governo, para disputar o eleitorado na mira do tucano. O PMDB é dono do maior tempo de TV no horário eleitoral e da maioria das prefeituras do país. Aliados do governador relatam que a relação entre Alckmin e Temer se limita à cordialidade e andou sofrendo abalos importantes com a postura da bancada de deputados do PSDB paulista de votar contra Temer nas duas denúncias da PGR. Embora o plano A do tucano seja fazer com que o PMDB não seja visto como um aliado prioritário da sua coligação, a negociação com a sigla é a única até agora que envolve diversos políticos ligados ao governador. Com outros partidos, como PSB, DEM, PPS e PTB, ele tem feito a articulação pessoalmente. Alckmin tem dito em público que uma aliança com cinco partidos de médio porte já garantiria a ele uma boa condição de disputa.

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Rede confirma Marina como pré-candidata à Presidência

Catarina Alencastro

03/12/2017

 

 

Partido admite desafio para financiar campanha e prevê coligações

A Rede lançou ontem o nome de Marina Silva como pré-candidata à Presidência da República em 2018. A decisão foi tomada em reunião dos grupos regionais do partido. Depois, já com a presença de Marina, foi lida uma carta com críticas ao atual governo e à “ação política do conluio”, condenando as reformas propostas pelo Palácio do Planalto. O documento apresentado na reunião diz que a Rede fará coligações com partidos que tenham “protagonismo ético, compromissos sociais e ambientais”. A negociação de alianças partidárias é um dos principais obstáculos que a legenda de Marina deve enfrentar nas eleições. Ao discursar no evento, Marina disse que, depois de um longo processo de reflexão, decidiu encarar pela terceira vez o desafio de concorrer à Presidência — em 2014, a ex-senadora recebeu mais de 20 milhões de votos. Ela reconheceu a dificuldade da campanha e apontou como desafios o financiamento e o tempo de TV. A Rede terá apenas 12 segundos no horário eleitoral gratuito. Por ser um partido novo, a Rede não elegeu deputados em 2014, critério usado na repartição do fundo partidário. — Sei que vai ser muito difícil, que vai ser uma campanha ralada, mas uma campanha ralada dói bem menos do que um país partido — disse Marina, comentando a supremacia dos adversários. — Se eles vêm com uma campanha milionária, vamos com uma campanha franciscana. Onde houver ódio, que levemos o amor. Não vamos tratar ninguém como inimigo, vamos travar o bom combate. Os motes da campanha da Rede deverão ser a “prosperidade” e o combate à corrupção. Marina reconheceu que há uma leve retomada da economia em curso, mas avaliou que não é algo sustentável. Em referência à Operação Lava-Jato, propôs que nas eleições de 2018 os eleitores promovam a operação “Lava-voto”. — Temos que dar para o PT, PMDB, PSDB, DEM e seus aliados um sabático de quatro anos para que eles possam reler seus estatutos, olhar na cara das pessoas e se reinventar, e depois se colocar de novo na disputa. Quem tem que pagar na Justiça, paga. Para nós, Justiça não é vingança, é reparação. Não podemos concordar com essa lógica do rouba mas faz, rouba, mas é de direita, rouba, mas é de esquerda — apontou.