Título: R$ 2,9 bi em impostos por dia
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 28/02/2012, Economia, p. 12

Apesar da desaceleração da economia, o governo federal teve uma arrecadação recorde no mês passado. O total pago em impostos e contribuições atingiu R$ 71,9 bilhões, o maior saldo para o mês de fevereiro, segundo a Receita Federal. Na comparação com fevereiro do ano passado, houve um aumento real (descontada a inflação) de 5,91% na arrecadação. No somatório dos meses de janeiro e fevereiro deste ano, R$ 174,9 bilhões entraram nos cofres públicos, uma alta de 5,99% ante o mesmo período de 2011. A cada dia, incluindo sábados, domingos e feriados, os brasileiros despejaram nada menos que R$ 2,9 bilhões nas contas do governo.

A arrecadação do primeiro bimestre está ancorada, principalmente, no consumo de bens e serviços e no aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores. Entre janeiro de 2011 e o mesmo mês deste ano, o volume geral de vendas cresceu 7,7%. No caso da massa salarial — que representa a soma de todos os salários pagos aos empregados —, a elevação foi de 16,5% no mesmo período.

A antecipação do recolhimento de impostos, principalmente pelas instituições financeiras, teve forte impacto no balanço do Fisco. Em fevereiro, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) totalizaram R$ 13,1 bilhões, um crescimento de 33,36% na comparação com fevereiro de 2011. Além disso, destacam-se os impostos sobre Importações (II) e sobre Produtos Industrializados vinculado à importação (IPI-Vinculado), que registraram R$ 3,4 bilhões e avanço de 12,92% ante fevereiro de 2011.

Por outro lado, a produção industrial caiu 3,4% em janeiro com relação ao primeiro mês de 2011. Para Zayda Bastos Manatta, secretária adjunta da Receita Federal, apesar dessa redução, vários outros fatores contribuem para o incremento das contas públicas. "A arrecadação está ancorada na atividade econômica, não apenas na produção industrial", afirmou. Embora o saldo de fevereiro tenha sido recorde, quando comparado a janeiro, ele representa queda de 30,2%. "Todos os anos, o resultado do mês de janeiro é muito superior ao de fevereiro. Isso é comum. Não há nada fora do usual", justificou Zayda.

Retomada Diante da previsão de desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) — soma de todas as riquezas do país — este ano, a secretária ressaltou que o governo está engajado para que a economia retome seu crescimento. "O próprio ministro (Guido Mantega, da Fazenda) tem anunciado medidas para estimular a atividade econômica", disse. Ela admite que, este ano, a arrecadação perderá fôlego. O governo projeta um aumento entre 4,5% e 5% em 2012, menos da metade dos 10,1% alcançados no ano passado.

A projeção da Austin Rating também é de arrefecimento no ritmo de recolhimento de impostos e contribuições, com expansão de 5% frente a 2011. Na opinião do economista Felipe Queiroz, o resultado será influenciado por fatores como a desoneração fiscal para a indústria e a redução do IPI para eletrodomésticos da linha branca até junho, o que já se refletiu nos dados de fevereiro.