O globo, n. 30806, 10/12/2017. País, p. 11

 

Crítico de Temer, general é afastado de seu cargo

André de Souza

10/12/2017

 

 

Mourão, que falou em ‘balcão de negócios’ do presidente, já havia defendido possível intervenção militar

Em razão das críticas feitas ao presidente Michel Temer, o general Antonio Hamilton Martins Mourão foi afastado da chefia da Secretaria de Economia e Finanças do Exército. Em palestra dada na quinta-feira no Clube do Exército, em Brasília, Mourão afirmou que Temer vai conduzindo seu mandato aos trancos e barrancos, equilibrando-se graças a um balcão de negócios. Por ser presidente da República, Temer é superior hierárquico de Mourão.

 

O vídeo com a fala do general foi publicado pelo jornal “Gazeta do Povo”. A Constituição diz que cabe ao presidente “exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeálos para os cargos que lhes são privativos”. O general passará agora a trabalhar na SecretariaGeral do Exército.

Na palestra, Mourão também demonstrou simpatia pela candidatura a presidente do deputado Jair Bolsonaro (PSCRJ). Ele é o mesmo general que, em setembro, já tinha citado a possibilidade de o Exército “impor” uma solução para crise política brasileira.

— Esses cenários foram colocados há pouco aí pela imprensa. Não há duvida de que atualmente nós estamos vivendo a famosa “Sarneyzação”. Nosso atual presidente, ele vai aos trancos e barrancos, buscando se equilibrar, e, mediante um balcão de negócios, chegar ao final do seu mandato — disse Mourão.

Na palestra, intitulada “Uma visão daquilo que nos cerca”, o general destacou que daria sua opinião. Disse que irá para a reserva em 31 de março de 2018 — coincidência ou não, data do golpe militar de 1964. Também não descartou a possibilidade de disputar um cargo eletivo futuramente. Além de apoiar Bolsonaro, disse acreditar que a Justiça vai barrar a candidatura do expresidente Lula em 2018.

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General não foi advertido ao propor golpe em setembro

10/12/2017

 

 

Militar disse que Forças Armadas deveriam ‘impor’ solução à crise

Na noite de 15 de setembro, em palestra realizada na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília,o general Antonio Hamilton Martins Mourão apontou a possibilidade uma intervenção militar, não sendo repreendido pelos seus superiores na época.

“Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”, disse Mourão na ocasião. Sua fala ocorreu após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciar o presidente Michel Temer por participação em organização criminosa e obstrução de justiça.

Na última quinta-feira, indagado no Clube do Exército se defende a intervenção militar, Mourão desceu um pouco o tom.

— Se o caos for instalado... O que chamamos de caos? Não mais o ordenamento correto. E se as forças institucionais entenderem que deve ser feito um elemento moderado e pacificador, agindo dentro da legalidade. Tempos atrás fui incompreendido.

Em seguida, Mourão deu sequência ao raciocínio:

— Estamos, Exército, Marinha e Aeronáutica, atentos para cumprir a missão. O caos é o momento. Ou nos anteciparmos ao caos e não esperar que tudo se afunde. Por enquanto, nós consideramos que as instituições têm que buscar fazer a sua parte.

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TJ-RJ promove cerimônia no Dia da Justiça

10/12/2017 

 

 

Em cerimônia que celebrou o Dia da Justiça, realizada na última sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) entregou a autoridades o Colar do Mérito Judiciário. Ao todo, 20 pessoas receberam a honraria, instituída em 1974.

— O Poder Judiciário tem que agir e está agindo. Por isso, nós agraciamos aqueles que prestam relevantes serviços à Justiça e, assim, ajudam a sociedade — afirmou o presidente do TJ-RJ, desembargador Milton Fernandes de Souza.

O presidente do Tribunal de Justiça destacou também o papel do Judiciário no momento de crise em que se encontra o estado do Rio. De acordo com ele, as “mudanças recentes em todas as esferas” fizeram a Justiça se tornar protagonista.