Correio braziliense, n. 20050, 13/04/2018. Política, p. 2
Revés de Palocci é má notícia para Lula
Bernardo Bittar e Deborah Fortuna
13/04/2018
UM PAÍS SOB TENSÃO » Por 7 a 4, plenário do Supremo nega pedido de ex-ministro para deixar a carceragem da PF em Curitiba, onde está há 18 meses preso preventivamente. Na próxima quarta, entra na pauta da Corte julgamento que pode beneficiar ex-presidente petista
Filhos de Lula em Curitiba
A família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado no caso do tríplex do Guarujá (SP), chegou, por volta das 10h, à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Três carros chegaram pelo portão dos fundos da Superintendência da PF. Em um dos carros, um Renault Duster branco, o filho mais velho, Fábio Luís Lula da Silva, também conhecido como Lulinha, chegou com os vidros abaixados. Ele desceu carregando uma mochila nas costas.
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Força-tarefa critica Mendes
13/04/2018
A força-tarefa da Lava-Jato reagiu aos ataques do ministro Gilmar Mendes ao Ministério Público Federal (MPF) na última quarta-feira, quando ele disse que “a corrupção chegou à Procuradoria-Geral da República”. Em nota, os procuradores disseram estar surpreendidos com a atitude do ministro, que, segundo eles, agiu com “absoluta falta de seriedade”. As críticas ocorreram no plenário do STF durante o primeiro dia de julgamento do habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci, na última quarta, e foram respondidas ontem, no segundo dia de julgamento.
A equipe da Lava-Jato criticou a declaração do ministro dizendo que ele teria “desbordado o equilíbrio e a responsabilidade exigidos pelo seu cargo”. Os procuradores reclamaram que Gilmar fez acusações genéricas e sem provas sobre a atuação do MPF e, especialmente, contra o procurador da República Diogo Castor de Mattos. Diogo é irmão de Rodrigo Castor, advogado que defende um dos investigados na operação.
Na carta de repúdio, os procuradores de Curitiba afirmaram que Diogo não atuou em nenhum dos casos ou processos envolvendo o cliente de Rodrigo, João Santana de Cerqueira Filho. Essa decisão foi tomada por conta própria, destaca o documento. “Indo além das exigências éticas e legais da magistratura, comportamento esse que o próprio ministro Gilmar Mendes não observou quanto ao seu impedimento em medidas judiciais relativas ao investigado Jacob Barata Filho”.
A nota também diz que o acordo de colaboração de Santana com a PGR foi fechado em 8 de março de 2017, bem antes de o escritório Delivar de Matos e Castor assumir a defesa do empresário, em 17 de abril. No dia das acusações, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgou nota repudiando as declarações do ministro. Gilmar também citou o caso do ex-procurador Marcelo Miller, ex-chefe de gabinete do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Miller tinha acesso a informação privilegiada e foi acusado de colaborar com os irmãos Joesley e Wesley Batista. Ele pediu exoneração para advogar para a família Batista.
Janot ironiza caso Alckmin
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot usou as redes sociais para reagir à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de encaminhar à Justiça Eleitoral de São Paulo o inquérito que investiga o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), deixando o tucano, por ora, fora da rota da Lava-Jato.“Tecnicamente difícil de engolir essa”, escreveu Janot, em sua conta no Twitter. A força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo havia pedido ao vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, que remetesse “o mais rápido possível” o inquérito sobre Alckmin.
O argumento dos procuradores era que a investigação envolvendo o ex-governador tucano auxiliaria no “andamento avançado de outras apurações correlatas”.Desde que deixou o cargo, o ex-procurador-geral tem usado constantemente a rede social para repercutir decisões que atingem o mundo político.