O globo, n. 30866, 08/02/2018. País, p. 6

 

Pré-candidato do PSDB, Alckmin defende privatizar Petrobras

Maria Lima e Patrícia Cagni

08/02/2018

 

 

Em resposta a FH, que elogiou Luciano Huck, governador diz não ser ‘showman’

 

-BRASÍLIA- O governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, defendeu ontem a privatização de “inúmeras áreas da Petrobras” e até de toda a estatal no futuro. A sugestão foi rebatida pelo presidente da empresa, Pedro Parente, que apontou um “efeito perturbador” na discussão desse tema no momento.

Na campanha presidencial de 2006, na qual foi o candidato do PSDB, Alckmin foi acusado de querer privatizar as maiores empresas estatais do país, como Petrobras, Caixa Econômica Federal e Correios, e, para negar tal intenção, chegou a aparecer na TV trajando colete e boné com os logotipos das empresas.

A declaração sobre as privatizações foi feita para representantes dos Sindicatos das Indústrias de todo o país. Ao ser questionado sobre planos focados na redução do número de estatais, Alckmin afirmou ser “totalmente favorável” à transferência das empresas para a iniciativa privada:

— Claro que muitos setores da Petrobras devem ser privatizados. Inúmeras áreas da Petrobras que não são o core (coração), o centro do objetivo principal, tudo isso pode ser privatizado. E se tivermos um bom marco regulatório, você pode até, no futuro, privatizar tudo, sem nenhum problema.

O presidente da Petrobras reagiu à declaração do tucano afirmando que uma discussão sobre a venda da estatal não é do interesse da empresa.

— Não é uma discussão que faça sentido nesse momento. Estamos aqui engajados na execução do plano estratégico, que é fundamental para a redução da alavancagem (endividamento). Então, sob o ponto de vista da Petrobras, a discussão de uma eventual possibilidade de privatização teria um efeito perturbador muito grande — disse Pedro Parente.

“PICOLÉ DE CHUCHU”

Alckmin também ironizou as manifestações recentes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que vem apontando o nome do apresentador Luciano Huck como boa opção para “arejar” a política. Fernando Henrique também tem dito que Alckmin precisa se viabilizar como candidato do PSDB à Presidência.

— Eu não sou showman, já me apelidaram até de picolé de chuchu. Quem quiser ver show, tem esse gênio que é o Tom Cavalcante, não é? Nós precisamos é resolver problemas. Parar com essa brigalhada. Resolver, fazer o país funcionar. Nós não somos eleitos para ficar nessa ribalta. Nós somos eleitos para resolver os problemas do povo de maneira rápida, eficiente, para o país poder andar — disse Alckmin.

Questionado sobre como convenceria o expresidente de que é a melhor opção, respondeu:

— Se esse for o problema, está resolvido. Foi o Fernando Henrique que insistiu para eu ser presidente do partido com o objetivo de ser candidato.

O governador chegou a Brasília na terça-feira à noite e teve várias reuniões políticas até a tarde de ontem. Em uma delas, da Executiva Nacional do PSDB, definiu-se que no dia 4 de março serão realizadas as prévias do partido, nas quais Alckmin enfrentará, na condição de favorito, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. O prefeito de São Paulo, João Doria, defendeu que as prévias para definir o candidato ao governo de São Paulo sejam feitas na mesma data. Apesar de ser um dos cotados, Doria ainda não decidiu se disputará o cargo no estado. O ex-senador José Aníbal já colocou seu nome nessa disputa.