Correio braziliense, n. 20050, 13/04/2018. Economia, p. 9

 

Aposentadoria no DF é a maior do país: R$ 4.234

Anna Russi

13/04/2018

 

 

CONJUNTURA » Rendimento proveniente do serviço público contribui para que a desigualdade de renda na capital esteja atrás apenas da do Amazonas, segundo o Índice Gini

Se a desigualdade de renda, medida pelo Índice Gini, se manteve estável na média do Brasil em 2017 ante 2016, no Distrito Federal, cresceu. Passou de 0,583 para 0,602 — quanto mais próximo de um, maior a desigualdade, de acordo com o indicador. O índice é calculado a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre rendimentos de fontes de trabalho, previdência, aluguéis, pensão alimentícia.
No país, as diferenças de renda se acentuaram em 15 das 27 unidades da Federação, com o DF ficando com a segunda colocação como mais desigual, atrás apenas do Amazonas, com 0,604. Para o professor da administração pública da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli, a pouco diversificada atividade econômica da capital, centrada no serviço público, e a modesta presença do setor privado na cidade explicam esse fosso.
A presença de servidores públicos garante ao DF a maior média de aposentadorias e pensões do país: R$ 4.234. Mais do que o dobro da média brasileira, de R$ 1.750, e do Centro-Oeste, de R$ 2.105. Em tempos de crise econômica, as aposentadorias e as pensões foram as maiores fontes de renda da população.
O aposentado pelo Banco do Brasil Paulo Tarso de Souza, 63 anos, admite que “o INSS oferece muitas desvantagens”, mas diz que “existem poucos agraciados em Brasília que recebem uma boa aposentadoria”. Segundo ele, em caso de alguma emergência que exija dinheiro, ele teria que abrir mão de algumas coisas para arcar com a despesa.
Atração
“Brasília é sede das administrações centrais e temos a representações estrangeiras internacionais, que exigem padrões mais elevados. Esses daí podem elevar a renda de uma parte mais privilegiada da população”, disse Piscitelli. Para o professor da UnB, as características geoeconômicas da capital também são fatores que influenciam a desigualdade.
Ele explica que, pelo fato de a capital oferecer oportunidade de melhora na qualidade de vida e a ideia ascensão social, atrai muitas pessoas de baixa renda de outros estados. Os concursos públicos são outro fator de atração de pessoas de fora do DF, mas desta vez de diversas classes sociais.
“Não tem mais o mesmo peso que antigamente, mas ainda existe a fantasia com Brasília em busca de oportunidades. O fenômeno migratório e o fato de as pessoas trazerem suas famílias, aceitarem empregos informais e até trabalharem para pessoas com maior renda que elas influenciam bastante na diferença de renda”, avaliou.
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Inflação menor para mais pobres
13/04/2018
 
 
 
Rio de Janeiro — A inflação para a classe de maior poder aquisitivo, em março, foi de 0,11%, quase o triplo da registrada pelas famílias de renda mais baixa — 0,04%. Os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam ainda que, no acumulado dos três primeiros meses de 2018, a inflação da camada de menor renda foi de 0,35%, abaixo da calculada para as famílias de renda mais alta, que ficou em 1,13%. Foi o quinto mês consecutivo em que o grupo de menor renda registra taxa de inflação mais baixa.
Segundo o Grupo de Conjuntura do Ipea, a queda dos preços dos alimentos no domicílio é o principal fator que explica a inflação mais amena registrada pelas famílias pobres, principalmente quando ainda se verificam quedas expressivas em subgrupos de grande peso na cesta de consumo das classes mais baixas, como cereais (1,7%), tubérculos (2,4%), carnes (1,2%), e aves e ovos (0,8%).
O indicador aponta ainda aumento de 0,52% da alimentação fora do domicílio em março. Esse resultado impactou mais fortemente a inflação das famílias de renda mais alta. Em contrapartida, os reajustes de 0,67% nas tarifas de energia elétrica e de 0,78% nas passagens de ônibus urbano exerceram pressão maior sobre a inflação dos mais pobres.
Entre os grupos de despesas, o que registrou maior variação em março para as classes de renda alta e média-alta foi o de saúde e cuidados pessoais (0,06 ponto porcentual). Nos últimos 12 meses, a inflação da baixa renda (1,8%) foi a metade da registrada pela classe de renda mais alta (3,5%). O indicador do Ipea é calculado com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).