-BRASÍLIA -O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro remeteu à Procuradoria-Geral da República inquérito que cita a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), nomeada ministra do Trabalho, mas ainda não empossada, por suspeitas de envolvimento com o tráfico. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, a deputada; um excunhado, o deputado estadual Marcus Vinícius (PTB); e três assessores, que trabalharam para Cristiane há oito anos, são alvo de uma investigação que apura o envolvimento deles com traficantes do Rio na campanha eleitoral de 2010.

André Miranda, advogado de Cristiane Brasil, afirmou que ela só tomou conhecimento da investigação por meio da reportagem:

— Foi um inquérito instaurado em 2010 e diz respeito a uma relação eleitoral. Cristiane nunca foi intimada. Soubemos por alto que ele foi originário de uma denúncia anônima que, provavelmente, deve ser sito feita por um adversário político. (A investigação) não tem elementos mínimos de progresso. Causa estranheza essa apuração sobre a questão eleitoral, porque, em 2010, Cristiane sequer foi candidata.

Segundo o “O Estado de S. Paulo”, o ex-cunhado da deputada chegou a prestar depoimentos.

— Marcus Vinícius prestou esclarecimentos na delegacia e deve ter mostrado que não passava de uma peça acusatória sem o menor lastro nos fatos. O processo ficou parado todo esse tempo — afirmou Miranda.

A investigação foi enviada ontem para a PGR, segundo o jornal, já que Cristiane Brasil tem foro privilegiado. O órgão, porém, ainda não recebeu o material.

A acusação é de que assessores de Cristiane Brasil, na época vereadora licenciada para comandar uma secretaria na prefeitura do Rio, pagaram traficantes para ter exclusividade de fazer campanha em uma região do Rio. Em 2010, a parlamentar não se candidatou, mas teria apoiado a campanha de Marcus Vinícius à reeleição. Ela se candidatou e se elegeu deputada federal em 2014.

O jornal relata que o inquérito investiga ainda se líderes comunitários do bairro de Cavalcanti, na Zona Norte, foram coagidos por traficantes a fazer campanha eleitoral.

Em nota, a deputada Cristiane Brasil disse que “o inquérito foi aberto baseado em uma denúncia anônima durante a campanha de 2010, ano em que sequer foi candidata”. Ressaltou que não foi ouvida e negou “contato com qualquer criminoso”. “Ela afirma ainda estranhar o encaminhamento do processo ao Ministério Público Federal justo agora que foi nomeada para o Ministério do Trabalho.

Pai de Cristiane, o presidente do PTB, Roberto Jefferson afirmou, em uma rede social, que a acusação contra ela é “leviana”. “Por que destruir a vida política promissora de uma pessoa dedicada em tudo que faz e que está preparada para exercer o cargo de ministra?”, escreveu ele.