Título: Bloquinho com o fim anunciado
Autor: Decat, Erich
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2012, Política, p. 3

Com uma atuação conjunta desde o governo Lula, o casamento entre os partidos de esquerda, também conhecidos como "bloquinho", caminha para o fim. A extinção do grupo composto por PTB, PCdoB e PSB deve ocorrer amanhã em Brasília, em encontro com caciques dos partidos. Juntos, eles contam com uma bancada de 63 deputados. A extinção do grupo, que busca maior "autonomia" na própria atuação na Casa, será mais um desafio para o novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que já tem de lidar com uma ebulição de "descontentes" da base aliada com o tratamento dispensado pelo Palácio do Planalto. E ainda aproximará as bancadas de PSD e PSB, formando o terceiro bloco mais forte da Câmara.

A decisão do fim do bloquinho deve ocorrer após encontro entre o presidente do PSB e governador de Pernambuco Eduardo Campos e o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, na tarde desta quarta-feira. "Atualmente, o bloco tem apenas atuação formal. O fim do bloco vem sendo discutido há um tempo. Acreditamos que ele já cumpriu o seu papel político", ressaltou o deputado Osmar Júnior (PI), ex-líder do partido na Câmara. "O bloco era importante numa época em que buscávamos nos fortalecer. E hoje há uma necessidade de se ter uma identidade do partido", acrescentou.

Apesar de o PCdoB caminhar para um voo solo, assim como fez o PDT, que integrou o bloquinho até as últimas eleições, os demais partidos que compõem o grupo hoje se movimentam nos bastidores para conseguirem formar um novo mosaico político. No mesmo dia do encontro de Eduardo Campos e Renato Rabelo, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), se reúne com o líder do PSC, Ratinho Jr. (PR). No encontro, será discutida a formação de um bloco "informal" entre as duas legendas que contam com 38 deputados.

Quinhão na Esplanada Mesmo antes de subirem no altar, os liíderes dos dois partidos ensaiam discurso por mais espaços no governo. Nenhuma das duas legendas conseguiu emplacar um ministro na dança das cadeiras promovida até agora pela presidente Dilma Rousseff. O PTB detém apenas cargos de destaque no segundo escalão do governo — as presidências da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O PSC, uma diretoria no Ministério das Cidades.

"O pleito é ter tratamento equânime. Por que o PTB e o PSC não têm o mesmo tratamento do PCdoB e do PDT, que têm ministros?", queixou-se Ratinho Jr. A possibilidade de o PTB ocupar a vaga do PDT no Ministério do Trabalho chegou a ser ventilada pelos corredores do Congresso, mas a ideia não prosperou. O nome mais cotado para assumir o posto é o do deputado Brizola Neto (PDT-RJ). O PCdoB detém o Ministério do Esporte com Aldo Rebelo (SP).

O fim do bloquinho deixa o PSD ainda mais empolgado com a possibilidade de conseguir emplacar a formação de um novo bloco com o PSB. As lideranças dos dois partidos andam juntas desde o início da criação do partido comandado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A possibilidade de fusão entre os dois não é nem mesmo descartada para uma possível disputa nas eleições presidenciais de 2014. "Estamos conversando e as conversas estão bem adiantadas. Existe a chance de acordo ainda nesta semana", avaliou o líder do PSD, Guilherme Campos (SP).

76

Tamanho da bancada que será composta pelo bloco PSD e PSB