Título: Cachoeira e mais 80 indiciados
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 20/03/2012, Política, p. 6

O empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi denunciado ontem pelo Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), com outras 80 pessoas, incluindo policiais federais, civis e militares. Todos são envolvidos em negócios de jogatina no Entorno do Distrito Federal e em Goiás e foram investigados pela Polícia Federal, que prendeu 36 acusados durante a Operação Monte Carlo, ocorrida no último dia 29.

Trinta e um suspeitos da chamada máfia dos caça-níqueis foram libertados, mas cinco permanecem detidos. Um deles é o próprio Carlinhos Cachoeira, que está no presídio federal de Mossoró (RN). Nesta segunda-feira, o bicheiro teve análise de habeas corpus adiada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Em outra frente, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) vai protocolar hoje, na Mesa Diretora da Câmara, o pedido para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) com o objetivo de apurar os negócios de Cachoeira e suas relações com políticos.

Também tinham participação na quadrilha, segundo o MPF, três policiais federais, sete policiais civis, 28 militares, um policial rodoviário federal e dois servidores públicos. Eles foram denunciados por formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais.

"A apresentação da denúncia fortalece a necessidade de permanência de Cachoeira no presídio federal", disse a procuradora Léa Batista de Oliveira, durante entrevista coletiva na tarde de ontem, em Goiânia. Segundo os procuradores da República, essa é apenas a primeira denúncia contra o grupo, que deve ser seguida de pelo menos duas peças acusatórias posteriormente para tratar dos crimes contra o sistema financeiro.

O MPF também pediu a fixação de um valor mínimo a ser pago pela quadrilha pelas operações policiais (federal, civil e Força Nacional) frustradas devido à atuação do grupo. A procuradora negou a existência de delação premiada no processo: "Não houve proposta de nenhuma das partes".