Correio braziliense, n. 20049, 12/04/2018. Brasil, p. 7

 

Refugiados: metade pode ter deixado o país

Gabriela Vinhal

12/04/2018

 

 

Dos 10.145 refugiados reconhecidos pelo governo brasileiro em 10 anos, quase metade pode ter deixado o país após ter concluído o processo imigratório. Os dados, divulgados ontem pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), revelam que 5.134 residem em território nacional, o restante está com registro inativo na Polícia Federal. Entre os que escolheram ficar no país, os sírios são a maioria (35%), seguidos de congoleses (13%), colombianos (10%), angolanos (8%) e palestinos (5%). De acordo com a pasta, 70% são homens, e 30%, mulheres.

O coordenador-geral do Conare, Bernardo Laferté, afirmou que não há uma motivação específica para que os refugiados deixem de renovar o cadastro nos órgãos competentes de imigração, que funcionam como um controle para as autoridades. “Podemos chegar à conclusão de que o refugiado mudou de país, teve a perda declarada do registro, se naturalizou brasileiro ou outra nacionalidade, podendo ser até casos de óbito”, acrescentou.

A maioria dos refugiados (52%) escolheram São Paulo para morar, outros optaram por Rio de Janeiro (17%), Paraná (8%), Rio Grande do Sul (6%) e, em quinto lugar, o Distrito Federal, com 5%. “A oferta de emprego é uma das principais maneiras de integração na sociedade. A população ainda enxerga São Paulo como a cidade com maior força econômica do país e que tem mais oportunidades”, complementa Laferté.

Reconhecimento

Em 2017, 33.866 refugiados solicitaram o reconhecimento da condição de refúgio. Desses, apenas 587 foram reconhecidos pelo Estado Brasileiro — sendo 310 sírios e 106 originários da República Democrática do Congo. O número equivale a apenas 1,73% do total.

A nação com o maior número de pedidos em trâmite é a Venezuela, com 17.865, o equivalente a 33% — em 2016, foram registradas apenas 3.375 solicitações de venezuelanos, um número cinco vezes menor que no ano passado. Até o momento, apenas 18 deles foram reconhecidos como refugiados — quatro em 2015 e 14 em 2016.

Além da Venezuela, as nações com maior número de pedidos foram Cuba (2.373), Haiti (2.362) e Angola (2.036). Das pessoas reconhecidas, 44% têm entre 30 e 59 anos, 33% estão na faixa etária entre 18 e 29 anos e 14% têm até 12 anos. A maior parte de refugiados é formada por homens (71%).