O globo, n.30913 , 27/03/2018. PAÍS, p.6

Meirelles sairá da Fazenda rumo ao PMDB e campanha

MARTHA BECK

CRISTIANE JUNGBLUT

KARLA GAMBA

 

 

Ministro vai deixar cargo na próxima semana para disputar chapa que defenderá governo

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixará o cargo na semana que vem para se filiar ao PMDB e trabalhar por sua candidatura à Presidência. Ele tem até dia 7 de abril para deixar a pasta e entrar no novo partido, já que atualmente está filiado ao PSD de Gilberto Kassab.

Nos bastidores, o presidente Michel Temer trabalha para Meirelles ser seu candidato a vice, numa chapa de defesa do governo. Temer e o núcleo político do Palácio do Planalto estabeleceram uma estratégia: fazer o teste de lançar ora Temer como candidato, ora Meirelles e ver, ao final, quem tem os menores índices de rejeição e pode obter apoio dos aliados.

— Está na fase do jogo (político), e vamos ver quem tem menor rejeição. O cenário está aberto — resumiu um aliado.

De acordo com interlocutores do PMDB, o senador Romero Jucá (RR), presidente da sigla, determinou que uma pessoa do partido fizesse um mapeamento das possibilidades de aliança do PMDB em cada estado. Segundo os peemedebistas, nas regiões em que o PMDB não está em uma situação eleitoral favorável, há resistência a Temer pelo receio de que sua rejeição prejudique os palanques eleitorais.

Nestes casos, o nome de Meirelles enfrentaria menos rejeição interna no partido. A escolha do nome do candidato do governo à Presidência estaria intrinsecamente ligada ao das disputas regionais que o PMDB enfrentará. Temer já disse que seria “covardia não ser candidato”, mas também afirma que Meirelles tem todo o direito de disputar.

Meirelles deixou claro, nas conversas com Temer, que quer fazer seu sucessor na Fazenda, não aceitando passar o controle da área econômica a alguém que não seja da sua confiança. Seu nome para o cargo é o do atual secretárioexecutivo, Eduardo Guardia.

— O Meirelles sugeriu o Guardia, e o presidente Temer já topou — afirmou ao GLOBO um interlocutor do governo.

Em São Paulo, Temer disse que não quer mudar nomes:

— A equipe econômica operou com eficiência. Não pode quebrar — afirmou, em entrevista após reunião na Federação do Comércio de São Paulo.

RESISTÊNCIAS DE ALIADOS

Mas o Planalto foi avisado ontem da reação da base aliada ao nome de Guardia, considerado “um horror” por não ser sensível aos apelos dos políticos. Partidos da base defendem o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, como o novo ministro da Fazenda, um técnico considerado experiente, com traquejo político.

Oliveira tem em Jucá um de seus principais apoiadores, tanto para a Fazenda, quanto para ficar no Planejamento. Meirelles, por sua vez, gostaria de colocar o atual secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria, Mansueto Almeida, na pasta ocupada por Oliveira e deslocá-lo para a presidência do BNDES, uma vez que Paulo Rabello de Castro vai se candidatar à Presidência pelo PSC. (Colaborou Silvia Amorim)