Correio braziliense, n. 20053, 16/04/2018. Política, p. 3
As voltas que uma pesquisa dá
Denise Rothenburg
16/04/2018
ELEIÇÕES » Datafolha dá o pontapé inicial para alianças e mostra que, com prisão de Lula, quem ganha mais é Marina Silva. Candidatura de Bolsonaro indica estagnação
Candidatura governista
Apesar de Bolsonaro manter uma boa posição hoje, seus aliados consideram o cenário preocupante. Embora a pesquisa Datafolha evite comparações entre janeiro e abril, dada a diferença de cenário e do número e pré-candidatos, Bolsonaro permanece no patamar da última pesquisa, o que pode indicar uma estagnação. Porém, se Bolsonaro não se moveu, o presidente Michel Temer e os pré-candidatos de centro também não. O problema é maior para quem está no governo. Os resultados jogam por terra as esperanças de Temer em reunir um grupo de partidos em torno do seu governo. O levantamento do Datafolha mostra que 86% dos entrevistados não votariam num candidato indicado pelo presidente.
Temer tenta atrair os partidos de centro para uma candidatura governista, seja ele próprio ou o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas as legendas resistem. O DEM, por exemplo, vai esperar mais uns dois meses para ver se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, decola — ele está com 1% — e nesse embalo arrasta também o PP do senador Ciro Nogueira. O PR aguarda para ver o que vai acontecer com o ex-presidente Lula. O Solidariedade, que estava na pré-campanha de Rodrigo Maia, lança hoje o nome do ex-deputado Aldo Rebelo para ver se consegue ampliar as chances de negociação com os demais. E o PSDB, que tem a melhor performance dos partidos de centro, não vai abrir mão de lançar Alckmin.
A expectativa dos partidos é de que movimentos mais incisivos para alianças só ocorram mesmo em meados de junho, quando o quadro estiver mais claro. Até lá, a política viverá a cada dia a sua aflição. A ordem é acompanhar o que vem do Supremo Tribunal Federal, as investigações em curso, a intervenção do Rio de Janeiro e tentar atrair eleitores. No caso do STF, por exemplo, esta semana, a Corte dirá se aceita ou não a denúncia contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG).