Título: Sem medo do desemprego
Autor: Freitas, Jorge
Fonte: Correio Braziliense, 29/03/2012, Economia, p. 22

Crise econômica não afeta humor do trabalhador, que está disposto a ampliar o consumo

A satisfação dos brasileiros com a vida continua elevada e não foi afetada pelo desaquecimento da economia, embora a pesquisa Termômetros da Sociedade Brasileira, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), registre leve queda de 0,5% na comparação de março/2012 com dezembro/2011. O indicador bateu em 104,8 ao final do primeiro trimestre do ano ante os 105,3 assinalados no último trimestre do ano passado.

Em relação ao desemprego, o medo dos brasileiros, segundo o índice de Satisfação com a Vida da CNI, caiu para 73,5, com redução de 3,9% em comparação com dezembro. Quanto mais baixo esse índice, que tem base 100, menor será o receio dos brasileiros com a perda das respectivas vagas. Em comparação a março de 2011 o índice caiu 1,2%.

Os dois indicadores captaram o sentimento do consumidor e a sua disposição em relação ao futuro. Para o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato Fonseca, a estagnação da indústria nos primeiros meses do ano ainda não contaminou os dois indicadores. "Apesar da redução do ritmo de crescimento da atividade econômica, a geração de emprego continua aumentando; a renda e o crédito também estão se elevando, o que intensifica o consumo. Some-se a isso o crescimento da classe média, que também impulsiona a demanda no mercado interno. Por todos esses fatores, o otimismo dos brasileiros está alto", afirmou ele. A procura por trabalhadores qualificados continua alta e os treinados pelas próprias empresas acabam por se manterem nos postos, com ganhos de salário.

"Quanto maior a satisfação com a vida e menor o receio do desemprego, maior a tendência de aumento ou manutenção de altos padrões de consumo", complementou Fonseca. A ligeira queda no indicador, afirma, pode ser circunstancial, influenciada por trabalhadores da indústria em que o impacto do câmbio foi mais forte e que devem se valer de medidas de estímulo fiscal do governo.

Em termos regionais, a Região Sudeste apresentou índice de 106,6, registrando a população mais satisfeita com a vida. O índice ficou praticamente estável em relação a dezembro/2011, quando foi de 106,1, indicador igual ao relativo aos moradores das cidades com mais de 100 mil habitantes. A Região Nordeste registrou o menor índice de medo do desemprego, com 71,8. Com esse indicador, a região puxou a queda do índice nacional.

A aposta dos empresários Empresários de pequeno e de médio porte estão confiantes no futuro. A expectativa deles para o 2º trimestre do ano bateu recorde, atingindo 75 pontos, com aumento de 2,4% em relação ao primeiro trimestre, quando alcançou 73,3 pontos. Este é o maior valor alcançado para o segundo trimestre, desde novembro de 2008, quando foi lançado o Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN), pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e o banco Santander. A confiança na economia apresentou a maior alta percentual (3,7%) passando de 71,6 pontos no primeiro trimestre do ano para 74,3 pontos no segundo trimestre. Já as contratações de empregados permaneceram estáveis.