Título: Multa derruba bolsa em 1,45%
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Fonte: Correio Braziliense, 29/03/2012, Economia, p. 24

Justiça cobra R$ 8,4 bi da BM&FBovespa por irregularidades no processo de desvalorização do real em 1999

A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) foi condenada a pagar R$ 8,4 bilhões em multa por operações suspeitas no processo de desvalorização do real em janeiro de 1999. A decisão foi tomada pela justiça de primeira instância, que abriu a possibilidade de o valor ser reduzido para R$ 5,4 bilhões, se for dada alguma compensação ao Banco Central. A instituição informou que sua "diretoria e seus assessores jurídicos estão confiantes" de que "uma decisão final contra BM&FBovespa é remota e, portanto, a empresa continuará a não fazer qualquer provisão relacionada ao assunto". Os investidores, no entanto, não perdoaram as ações da bolsa, que fecharam o dia com baixa de 2,58%.

As desconfianças quanto à vitória da BM&FBovespa nos tribunais, por sinal, ajudaram a azedar de vez o clima no mercado. Tanto que o Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas na bolsa paulista, encerrou a quarta-feira com recuo de 1,45%, nos 65.079 pontos. Também contribuíram para esse resultado os indicadores mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos e a renovação das preocupações com o crescimento chinês. Não à toa, a Bolsa de Xangai tombou 2,7%, o pior pregão desde novembro do ano passado.

Em Nova York, o dia no foi diferente. E o prejuízo deu o tom das negociações, já que os investidores estão preocupados com a queda dos preços das commodities (matérias-primas com cotação internacional). O índice Dow Jones, o principal do mercado nova-iorquino, cedeu 0,54%, refletindo todo o desânimo ressaltado pelos analistas. "Há uma queda, não em grande volume, mas foi exagerada para as matérias-primas", disse Gregori Volokhine, da Meeschaert Capital Market. Na Nasdaq, pregão eletrônico, a baixa foi de 0,49%.

Na avaliação dos especialistas, será necessário um novo ciclo de boas notícias para que o mercado acionário volte a dar bons resultados. "Alguns ainda esperam uma verdadeira queda após a forte alta do início do ano. O mercado carece de boas notícias para seguir em alta", assinalou Volokhine.

Mas não será qualquer fato que animará os investidores. "A melhor informação que poderia chegar às mesas de operações é um fato concreto mostrando que a economia dos Estados Unidos está saindo do atoleiro. Mas creio que ainda estamos longe disso", assinalou um economista que não preferiu não se identificar.