Título: Um lugar para Blairo
Autor: Lyra, Paulo De Tarso; Rothemburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 22/03/2012, Política, p. 6

O medo da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso para investigar a Casa da Moeda e a venda do Banco Panamericano para a Caixa Econômica Federal (CEF) — que causou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos — levou o governo a apressar-se para encontrar uma vaga para o PR no governo. Diante da disposição dos parlamentares do partido de assinar as CPIs em tramitação no Congresso, o Palácio do Planalto estuda convidar o senador Blairo Maggi (PR-MT) para uma nova conversa em torno de um ministério ligado à área econômica. "Uma hora falam que eu vou para o Desenvolvimento, Indústria e Comércio, na outra para a Agricultura. Mas ninguém do governo ligou para mim ou para o presidente do partido, Alfredo Nascimento", desconversou Blairo.

O parlamentar disse não existir qualquer restrição da legenda às pastas. Há duas semanas, o partido chegou a afirmar que não aceitaria qualquer convite que não estivesse ligado ao Ministério dos Transportes. Como a presidente Dilma Rousseff deu sinais inequívocos de que essa porta está fechada, não custa para o PR deixar outras abertas. A disposição ficou explícita, por exemplo, na posição de independência na Câmara, na diminuição do radicalismo no Senado e na decisão do diretório nacional do partido de transferir para os estados a responsabilidade pelas alianças municipais.

A única convicção de Blairo é que não há razões para deixar de assinar um pedido de CPI. "Eu admito que existe aquela máxima: CPI todo mundo sabe como começa, mas ninguém sabe como termina", completou. Na Câmara, o líder do PR também apoiou todos os requerimentos que passaram pelas suas mãos: CPI para investigar a ligação de políticos com Carlinhos Cachoeira, para apurar a corrupção na Saúde e quaisquer outros que surgirem. "A minha bancada está liberada para agir conforme a própria consciência", afirmou.

Sob pressão Além de tentar estancar a crise na base aliada, o Planalto está preocupado com seu principal interlocutor da área econômica. Mantega conseguiu escapar incólume da audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Mas, de lá para cá, a crise com a base governista só aumentou e o governo está receoso de que o titular da Fazenda volte a ficar na mira.

A principal preocupação é com a operação de compra do Banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal, uma operação repleta de mistérios, responsável por um prejuízo de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos federais. Além disso, pairam dúvidas sobre a participação de Mantega na indicação de Luiz Felipe Denucci para a presidência da Casa da Moeda. A briga entre o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e da Previ, Ricardo Flores, está em banho-maria, mas o clima de animosidade não diminuiu.