Correio braziliense, n. 20085, 19/05/2018. Cidades, p. 17

 

Cristovam lança Izalci para o Buriti

Ana Viriato

19/05/2018

 

 

 

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ganhou mais um oponente na corrida pelo Palácio do Buriti. Depois de meses de oscilações, a frente de centro-direita capitaneada pelo senador Cristovam Buarque (PPS) lançou, ontem, a pré-candidatura do deputado federal Izalci Lucas (PSDB) ao GDF. Cristovam deve concorrer à reeleição, e a frente cristã, liderada pelo empresário Wanderley Tavares (PRB), indicará o postulante à Vice-Governadoria da chapa. Em busca de novas alianças, o grupo deixou em aberto a segunda vaga ao Senado. No mesmo dia do anúncio, com base na restrição do foro privilegiado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin remeteu à primeira instância inquérito contra Izalci (leia ao lado).

Apesar do comunicado, Izalci tem um longo caminho a percorrer até 15 de agosto, data final para o registro de candidaturas. Nos próximos dois meses, o partido definirá as alianças de Geraldo Alckmin (PSDB) para a corrida presidencial. A condição pode mudar o jogo no DF, pois a maioria das legendas pede apoio a concorrentes a governos estaduais em troca da parceria nacional. Entre as siglas que conversam com o tucanato estão PTB, Pros e PSB — todas têm pré-candidatos ao GDF. Outra prova de fogo será a eleição interna do PSDB regional, prevista para 1º de junho, que pode tirá-lo da Presidência da sigla na capital.

O comunicado da pré-candidatura ocorreu um dia depois de o pré-candidato ao Buriti Alírio Neto (PTB) deixar o grupo. Ele decidiu pelo rompimento após a divulgação de um encontro entre Cristovam e o também interessado no Executivo local Jofran Frejat (PR) — o senador o convidou a disputar o Senado em sua chapa. Alírio, porém, estava descontente com a postura da frente havia dias. “Não concordo com certas coisas. Um projeto político não pode ser baseado em insegurança partidária e jurídica. Ficou claro que não estavam levando isso em consideração. Estava clara a preferência. Encontramo-nos em outras oportunidades”, apontou Alírio.

No evento organizado para o anúncio, na sede do PSDB-DF, Cristovam Buarque, eleito com o apoio da esquerda todas as vezes em que se candidatou, afirmou que, a partir de agora, “será um soldado na campanha de Izalci”. “Buscamos um rumo novo para o Distrito Federal e a retomada da coesão. Chegamos ao nome que consideramos que pode ser o condutor desse processo. Não preenchemos outras vagas da chapa majoritária e as quatro suplências, porque a questão ainda será avaliada”, declarou Cristovam.

Na sequência, Izalci destacou a força do grupo, formado por nove partidos — PSDB, PSD, PPS, PRB, PSC, PSDC, DC, Patriotas e PSL — e fez a primeira promessa de campanha: “Em 1º de junho, acabaremos com a tributação sobre medicamento, conforme propõe o senador Reguffe (sem partido)”, garantiu.

Presidente do PSB-DF, partido do governador Rodrigo Rollemberg, Tiago Coelho criticou o comunicado. Para o socialista, o lançamento de uma chapa “pela metade” evidencia a precariedade de objetivos da composição. “Não há proposta, não há compromisso com Brasília. Há apenas a vontade política de projetos políticos individuais e a preocupação em fazer arranjos eleitorais com o objetivo de alcançar o poder pelo poder”, disse, em nota.

“Portas abertas”

O deputado federal Rogério Rosso (PSD), que havia lançado o nome ao Senado, recuou e afirmou que, por ora, investirá no projeto de reeleição. Ele considera importante deixar “as portas abertas para novas composições”. Uma das possibilidades é a aliança com Frejat. A definição do nome do vice passará pelo crivo de bispos da Assembleia de Deus — Ministério de Madureira em reunião com Wanderley Tavares amanhã.

Estão na corrida pela sucessão do Buriti o herdeiro da rede Giraffas, Alexandre Guerra (Novo); o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR); os ex-distritais Alírio Neto (PTB) e Eliana Pedrosa (Pros); o general da reserva Paulo Chagas (PRP); e Fátima Sousa (PSol). Rollemberg tentará a reeleição. A Rede insiste no nome do distrital Chico Leite, mas o parlamentar deve disputar o Senado.


No páreo

 

Após meses de indefinições, o grupo liderado por Cristovam Buarque (PPS) e Rogério Rosso (PSD)

chegou ao consenso. Resta, porém, uma vaga para o Senado:
 

Izalci Lucas (PSDB)

Cargo a disputar: governador

Perfil: eleito distrital em 2002 e deputado federal em 2010 e 2014, o parlamentar também ocupou o cargo de secretário de Ciência e Tecnologia durante a gestão do ex-governador José Roberto Arruda. Preside o PSDB-DF desde 2015 por meio de recorrentes intervenções nacionais. O tucano pode deixar o comando da sigla no próximo dia 1º, quando ocorrerá a primeira eleição interna desde 2011. Correntes contrárias à atual gestão apostam em Paulo Roriz, sobrinho do ex-governador Joaquim Roriz, para chefiar a legenda.
 

Cristovam Buarque (PPS) Cargo a disputar: senador

Perfil: ex-governador do DF eleito pelo PT e ministro da Educação durante a gestão do ex-presidente Lula, rompeu com petistas após votar pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Agora, aventura-se na centro-direita. Elegeu-se senador em 2002 e, depois, em 2010, na mesma chapa do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Além de “ser um soldado na campanha de Izalci”, como se classificou durante o anúncio de ontem, será o responsável pela elaboração do plano de governo na área de educação de Geraldo Alckmin (PSDB).
 

Wanderley Tavares (PRB) ou Egmar Tavares (PRB)

Cargo a disputar: vice-governador

Perfis: com o apoio da frente cristã, o empresário e presidente do PRB, Wanderley Tavares, tem carta branca para escolher quem será o número 2 da chapa. A perspectiva é de que ele ou o irmão, o pastor da Assembleia de Deus Egmar Tavares, ocupem o posto. O primeiro garantiria um rosto novo à composição. O segundo é mais conhecido na comunidade evangélica e tem experiência nas urnas — concorreu em 2014, quando conquistou 13.635 votos. A decisão pode ocorrer na próxima semana, após uma reunião entre Wanderley e bispos da Assembleia de Deus.
 

15 de agosto

Data final para o registro das candidaturas

 

7 de outubro

Primeiro turno das eleições 2018