O Estado de São Paulo, n.45396 , 31/01/2018. ECONOMIA, p.B4

Temer usará ‘corpo a corpo’ para aprovar reforma

Tânia Monteiro

Daiene Cardoso

Carla Araújo

 

 

Planalto acredita que resistência à proposta para a Previdência diminuiu e que será possível convencer cerca de 70 deputados indecisos a votarem a favor

Depois da “ofensiva de mídia” no fim de semana com entrevistas em rádio, emissoras de TV e jornal, o presidente Michel Temer concentrará as energias no “corpo a corpo” com parlamentares para tentar convencer os indecisos a aprovarem a reforma da Previdência em fevereiro. O Palácio do Planalto acredita que tem cerca de 275 votos, número com que já contava em maio do ano passado, e está convencido de que será possível convencer os cerca de 70 indecisos a votarem favoravelmente à reforma. Para que a proposta seja aprovada são necessários 308 votos. O governo entende que deputados e senadores, durante o recesso, ao conversarem com os prefeitos e suas bases viram que a resistência à reforma já diminuiu muito e estão acreditando que a própria população vai pressionar os parlamentares.

O governo conta com a pressão de prefeitos e governadores, porque estes também estão com problemas de caixa, para ajudar convencer deputados e senadores. Temer acredita que consegue virar a votação nesta semana e na próxima, antes do carnaval, para garantir a aprovação da PEC na semana após a festa popular. O presidente se reuniu ontem, por exemplo, com o líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Nos próximos dias, serão realizadas reuniões com todos os líderes. O presidente Temer acha que é hora, por exemplo, de começar a pressionar o PSDB, por meio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para que o partido entregue votos. O governo acha que consegue “arrancar uns 35” votos tucanos, da bancada de 47. No início da noite de ontem, Temer recebeu o senador Aécio Neves, que tem apoiado o Planalto na reforma. O governo sabe que, se não votar o texto em fevereiro, no máximo início de março, ficará praticamente impossível conseguir fazer passar a reforma.

Pesquisa. Ontem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, usou o Twitter para antecipar o resultado de uma pesquisa Ibope, contratada pela Presidência da República, para avaliar a aceitação da reforma pela população. “Pesquisa Ibope, concluída ontem, mostra pela primeira vez que menos da metade dos entrevistados (44%) se dizem contrários à reforma da Previdência”, escreveu Moreira. Ele classificou a informação como “boa notícia”. A pesquisa, que não foi divulgada na íntegra, ouviu 2.002 pessoas entre os dias 25 e 29 em 140 municípios e mostra ainda que 63% dos entrevistados concordam que servidores públicos e funcionários privados devem ter as mesmas regras previdenciárias.

Otimismo

“A pesquisa Ibope concluída ontem (...) é uma boa notícia.”

Moreira Franco

MINISTRO DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA

PRESTE ATENÇÃO

 

1. Contribuição. Os pedidos de aposentadoria por tempo de contribuição cresceram 5,5% no ano passado, enquanto as aposentadorias por idade, que exigem no mínimo 65 anos para homens e 60 anos para mulheres, subiram 3,7%.

2. Déficit. A Previdência teve déficit recorde de R$ 268,8 bilhões em 2017. O rombo é R$ 41,9 bilhões maior do que em 2016 e inclui os regimes do INSS e dos servidores da União.