Valor econômico, v. 17, n. 4438, 07/02/2017. Brasil, p. A4.​

 

 

Viaduto que desabou no centro do DF não passa por manutenção há sete anos

Lucas Marchesini

07/02/2018

 

 

O viaduto que desabou na manhã de ontem, no centro de Brasília, deveria ter passado por manutenção pelo menos há sete anos. Estudo do Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco), feito em 2011, já havia detectado que esse era um dos viadutos e pontes do Distrito Federal que precisavam de reparos e obras urgentes de manutenção.

O viaduto fica no Eixão no Setor Comercial Sul, próximo da rodoviária do Plano Piloto e a cerca de três quilômetros da praça dos Três Poderes. Segundo o Corpo de Bombeiros, o desabamento não provocou vítimas.

"São viadutos antigos. Desde o começo do governo, fizemos manutenção em oito viadutos, e, infelizmente, esse ainda não tinha recebido", disse o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), ao visitar o local.

O deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), pré-candidato ao governo do DF, usou o desabamento para atacar o governador. "É lamentável que o governador alegue que a cidade está envelhecendo. Uma cidade com 57 anos e seus viadutos caindo por falta de manutenção, se fosse assim, São Paulo, que tem mais de 450 anos, estaria toda desmoronando", disse em vídeo divulgado nas suas redes sociais. Rollemberg é o adversário preferencial na propaganda do DEM, que usa o bordão "Governador, respeite o povo".

O problema, entretanto, não começou na gestão de Rollemberg. Auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF), de 2012, já havia apontado a necessidade de reparos urgentes no local e outros sete pontos da cidade.

A auditoria do TC-DF mostrou que muitos dos bens inspecionados não se encontravam em adequado estado de conservação. O relatório revelou ainda que 40,5% das passarelas e 30% das pontes e viadutos não se encontravam em bom estado de conservação e que a manutenção das edificações públicas do Distrito Federal era feita de maneira "improvisada e casual".

Na época, o governador era o petista Agnelo Queiroz, empossado em 2011. Antes disso, o governo foi ocupado por José Roberto Arruda (DEM), eleito em 2006, que renunciou ao cargo em 2010, após ser envolvido na operação Caixa de Pandora.

Entre a saída de Arruda e a posse de Queiroz, o governo foi ocupado sucessivamente pelo vice, Paulo Octavio (DEM), pelo então deputado distrital Wilson Lima (PR) e pelo hoje deputado federal Rogerio Rosso (PMDB-DF).

"O DER, a Novacap [estatal de infraestrutura do DF] e a Secretaria de Infraestrutura vão atuar juntos. Vamos fazer um escoramento desse viaduto e uma análise criteriosa da estrutura, além de desvio do tráfego na região", informou o diretor-geral do DER, Henrique Luduvice.

O diretor do órgão apontou como causas prováveis para o desabamento a existência de fissuras no local, mas apontou que apenas a perícia poderá determinar o que causou definitivamente o acidente.