Título: Obesidade afeta 15% dos brasilienses
Autor: Oliveira, Sheila
Fonte: Correio Braziliense, 12/04/2012, Cidades, p. 40

Seis em cada 100 brasilienses estão obesos. O dado faz parte de estudo divulgado pelo Ministério da Saúde sobre os fatores de risco que contribuem para ocorrência de doenças crônicas.

De 2010 para 2011, o Distrito Federal registrou aumento de cinco pontos percentuais no índice de obesidade. A média distrital de 15% é a mesma registrada em todo o país. A Pesquisa Vigitel Brasil — Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico revela ainda que metade da população do DF, cerca de 1,2 milhão de pessoas, está acima do peso ideal que é medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC), estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para alguns especialistas em nutrição, o aumento de pessoas obesas e acima do peso está relacionado a renda das famílias. "As classes de renda mais baixa tendem a consumir produtos pobres em nutrientes por serem mais baratos", explica a nutricionista do Laboratório Sabin, Elisa Goulart.

Segundo ela, os hábitos alimentares também contribuem para o aumento do peso. "Pessoas que costumam realizar as refeições fora de casa têm o costume de exagerar no cardápio rico em açúcares e gorduras saturadas", diz Elisa. Segundo ela, essa escolha, que muitas vezes é inconsciente, ocorre no intervalo entre as refeições. "Quanto mais tempo sem comer, menos saudável será a opção de alimentos no cardápio da pessoa", acrescenta a especialista.

Os homens, sobretudo os mais jovens, se alimentam pior do que as mulheres. Eles consomem mais refrigerantes, pelo menos cinco vezes por semana, a gordura de carnes vermelhas, como a picanha, e pele de frango. O maior percentual de obesos e pessoas acima do peso, segundo a pesquisa, ocorre entre os homens com 12 ou mais anos de escolaridade. Já a maioria das mulheres obesas possui apenas o ensino fundamental.

Pressões Na avaliação da nutricionista social Regina Coeli de Carvalho, da Universidade de Brasília (UnB), o aumento da obesidade e o excesso de peso da população do DF se deve à realidade social na qual o indivíduo está inserido. "O Distrito Federal tem características peculiares, tais como a falta de integração entre seus moradores, o que torna as pessoas solitárias; e a cobrança pelo sucesso profissional, que está muito ligada à aprovação em concurso público, sem contar a pressão que os jovens sofrem por exibir corpos perfeitos", afirma.

Mesmo com o crescente percentual de obesos, o DF é a quarta unidade da federação que possui o melhor índice de consumo de frutas e hortaliças. O estudo aponta ainda que 33% da população realiza atividades físicas. "Essa contradição se deve às diferenças sociais e econômicas da região. No DF, atividades físicas e alimentação saudável são encaradas como status social", opina Regina Coeli.

Segundo Elisa Goulart, quem mora próximo ao trabalho e costuma realizar a refeição em casa tende a ingerir alimentos mais saudáveis. "Essas pessoas estão mais preocupadas com a qualidade da alimentação, até mesmo como meio de prevenção de doenças. Quando a pessoa mora longe, o que importa é saciar a fome", diz.