Título: Cúpula das Américas vai aceitar Cuba
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Fonte: Correio Braziliense, 10/04/2012, Política, p. 5
Washington — Durante o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ontem, na Casa Branca, Dilma Rousseff avisou que a Cúpula das Américas que ocorre neste fim de semana, em Cartagena, na Colômbia, será a última sem a presença de Cuba. Ao ser questionada pelo Correio, no entanto, Dilma disse que não fez pedido formal nesse sentido a Obama. "O que houve foi a constatação de que todos os países (da América Latina) têm relação com Cuba e, portanto, essa é a ultima cúpula em que ela não participaria. Essa é a posição unânime", afirmou, em tom taxativo. Sobre Obama, Dilma elevou o tom: "Ele não tem que responder. Isso não é uma pergunta".
Após a reunião, os dois líderes destacaram a importância do encontro de chefes de Estado latino-americanos na Colômbia, onde será discutida a integração dos EUA com as demais nações da região. A recuperação dos países na crise financeira atual é um dos assuntos que dominarão os debates. Além disso, a preocupação com a valorização das moedas regionais e com a alta do preço do petróleo, que foram discutidos ontem, em Washington, deverá continuar na Colômbia. "O crescimento econômico só ocorre se fizermos uma política voltada para o crescimento interno, incluindo cada vez mais milhões de brasileiros e latino-americanos, e também impedindo medidas protecionistas, principalmente aquelas ligadas ao câmbio, nos afetem", disse Dilma.
Durante o discurso no Salão Oval, Obama sublinhou que o encontro de Cartagena será uma oportunidade para dar continuidade às conversas bilaterais que ele teve com Dilma. "Naturalmente, temos ainda muito trabalho a fazer e vamos continuar as consultas durante a Cúpula das Américas. Ampliaremos nosso intercâmbio e cooperação na busca de energias limpas e de segurança do cidadão", afirmou.
A presidente Dilma declarou que tem tido conversas de "alta qualidade, muita claras e muito sensíveis" com Obama, apesar das divergências, naturais para as duas maiores democracias do continente. "Eu tenho que reconhecer isso. Temos pontos em que não convergimos porque cada um representa uma nação diferente", disse a presidente, após encontro com empresários. "Não podemos acreditar que todo mundo é "Joãozinho", o "Joãozinho do passo certo". Todo mundo anda no mesmo passo. Nós não somos o Joãozinho do passo certo, nem do passo errado", brincou, arrancando risos dos presentes.
Rio+20 A presidente ainda ressaltou que o estreitamento do relacionamento e da parceria do Brasil com os EUA é muito importante para o desenvolvimento dos temas sobre sustentabilidade que serão discutidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro. Ela ainda convidou formalmente Obama para participar do evento. No entanto, Obama não confirmou presença.