Título: Contratos suspeitos em Goiás
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Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2012, Política, p. 6

O grupo criminoso de Carlinhos Cachoeira fez prospecção de contratos para a Ideal Segurança Ltda. na Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) do governo de Goiás, como mostram transcrições de conversas telefônicas usadas na Operação Monte Carlo. A Semarh foi comandada pelo deputado federal Leonardo Vilela (PSDB-GO) entre fevereiro de 2011 e março deste ano. A Ideal Segurança pertence, entre outros sócios, a Cachoeira e ao delegado da Polícia Federal (PF) Deuselino Valadares dos Santos, denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por participação na organização criminosa.

Uma conversa telefônica entre Deuselino e um representante da Ideal, de 13 de junho do ano passado, mostra a prospecção de contratos. "A repactuação é tudo para esse mês ou não?", pergunta o delegado da PF. "Nós já montamos o processo da Semarh, já encaminhamos, protocolamos lá. O que vai ficar pendente, que depende de Brasília, é o Serpro", responde o representante da Ideal. Quando o diálogo ocorreu, Leonardo Vilela era o secretário estadual de Meio Ambiente.

Em entrevista ao Correio, o deputado disse não saber se a Semarh tem contratos com a Ideal. "Cachoeira nunca me fez qualquer pedido em relação a isso. Nunca recebi nenhum pedido para favorecer a Ideal." A empresa de segurança tem contratos assinados com a secretaria.

Na lista de pessoas ligadas a Cachoeira elaborada pela PF são relacionados 26 políticos, entre eles Leonardo Vilela. Os diálogos telefônicos envolvendo outros três deputados — Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) — foram remetidos à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso encontre indícios de crime, a abertura de inquéritos contra os parlamentares. Mais dois deputados surgem como próximos ao bicheiro: Rubens Otoni (PT-GO), que aparece num vídeo de 2004 concordando com uma oferta de R$ 100 mil para um suposto caixa dois, e Jovair Arantes (PTB-GO), que já admitiu ter pedido dinheiro a Cachoeira para financiamento de campanha eleitoral. (VS e EL)

Viraram Judas

No Centro da capital paulista, o senador Demóstenes Torres (sem partido) e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foram o alvo da tradicional malhação de Judas no Sábado de Aleluia. À tarde, um boneco vestido de branco e com os nomes do parlamentar e do homem acusado de chefiar uma quadrilha especializada em exploração de máquinas caça-níqueis foi atacado a pauladas, socos e chutes na esquina das ruas Maria Antônia e Consolação.