Título: Desmatamento cresce em 2012
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Fonte: Correio Braziliense, 06/04/2012, Política, p. 5
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, admitiu ontem que os debates sobre o código florestal e a crença dos desmatadores de que poderão ser anistiados estimulam o desmatamento na Amazônia Legal. Números divulgados ontem pela ministra mostram que 1.389 km² foram devastados no primeiro trimestre de 2012, área três vezes maior que a desmatada no mesmo período do ano passado. De acordo com a análise de satélites que monitoram a Amazônia, três estados registraram aumento na quantidade de matas atingidas nos últimos oito meses em relação a anos anteriores: Mato Grosso (96%), Rondônia (9,7%) e Roraima (363%). No mesmo período do ano passado, o total desmatado foi de 1.371,47 km².
"O que temos de informação de campo é que parte dessa ação também está associada ao debate do código florestal, como foi no ano passado. Ainda tem gente em campo dizendo, segundo os relatos da Inteligência, que você pode desmatar porque vai ser anistiado", disse Izabella Teixeira. "Tem muitos proprietários achando que o Ibama não podia fiscalizar, mas quando receberam a multa e foram embargados disseram que foram avisados de maneira equivocada", acrescentou. A ministra observou que o Ibama já aplicou quase R$ 50 milhões em multas só neste ano.
Ministra preocupada De acordo com Izabella, os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) não significam que o desmatamento esteja crescendo. Segundo ela, a verificação de áreas desmatadas aumentou porque o volume de nuvens nos últimos meses diminuiu, o que favorece a visualização das florestas. "Não temos crise de desmatamento, como foi no ano passado", frisou.
A ministra, porém, mostrou preocupação com a situação de Roraima. Ela disse que já mobilizou equipes do Ibama para atuar no estado. Uma das possíveis justificativas, segundo Izabella, é o deslocamento para o Amapá de madeireiros oriundos do Pará. Em relação a Mato Grosso, ela reconhece um pico de desmatamento, mas alega que os números não são precisos por força do excesso de nuvens dos últimos meses. No Mato Grosso, estado que foi destaque no ano passado pela extração em grandes áreas, houve novo aumento dos registros de desmatamento, chegando a 96% entre agosto de 2011 e março de 2012 ao comparar com o ano anterior.